A sensação que o brasileiro tem de menos dinheiro no bolso, especialmente no último ano, é traduzida em números pela pesquisa do IBGE divulgada ontem. O rendimento médio domiciliar por pessoa em 2021 foi de R$ 1.353, quase R$ 100 a menos que em 2020. O número é o menor desde 2012, quando o índice começou a ser calculado. Apesar da queda ter sido generalizada – atingindo até a parcela mais rica da população – o maior impacto foi no Norte do país, e houve aumento da desigualdade social.
A perda de renda atinge em cheio os já vulneráveis e revela a fragilidade das políticas públicas voltadas para essa parte da população. A redução do valor do Auxílio Emergencial de 2020 para 2021 foi um dos principais fatores para a queda de rendimentos. O número de beneficiários foi diminuído em 30% devido à mudança de critérios para pagamento.
Essas pessoas ficaram sem chão ao depararem com o mercado de trabalho precário no pós pandemia. A busca pela informalidade aumentou, mas não o suficiente para elevar o rendimento médio, segundo a pesquisa. Também é possível observar o crescimento do chamado “empreendedorismo de subsistência”, que é pouco sustentável.
A reversão da queda de renda passa por políticas públicas emergenciais destinadas aos que passam fome e por programas de empregabilidade sustentáveis no longo prazo. Isto deve ser feito levando em consideração as mudanças no mercado trazidas pelas novas tecnologias.
É um desafio que demanda ação do Estado, mas também da sociedade civil organizada. O ano eleitoral é uma oportunidade para colocar esse urgente tema em pauta e cobrar dos representantes públicos que apresentem propostas eficientes para o combate à pobreza.