EDITORIAL

Serviço e preço ruins

O prefeito propõe que as passagens passem a custar R$ 4,50, que 500 cobradores sejam recontratados e que a frota seja melhorada com 300 ônibus com ar refrigerado


Publicado em 22 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Como prometido, o governo municipal abriu a “caixa-preta” do transporte público da capital, revelando o que apurou uma auditoria contratada para fazer esse trabalho. O resultado assustou o prefeito – e não só ele – ao estabelecer que as passagens deveriam custar R$ 6,35.

O prefeito alegou que isso é inviável, mas admitiu que as passagens podem ter aumento em 2019. Nessa sexta-feira (21) à tarde, ele voltou a se reunir com as empresas, ocasião em que, como não houve possibilidade de um acordo, ficou acertado que o valor atual, de R$ 4,05, segue congelado.

Uma nova reunião será feita na próxima semana. O prefeito propõe que as passagens passem a custar R$ 4,50, que 500 cobradores sejam recontratados e que a frota seja melhorada com 300 ônibus com ar refrigerado. Desde dezembro de 2017 que as passagens não têm aumento.

Agora, o reajuste parece inevitável por causa da auditoria. Ela foi o instrumento escolhido pelo poder público para dirimir as dúvidas sobre o preço das tarifas. O trabalho durou oito meses, durante os quais foram compulsados milhares de documentos de 2013 a 2016.

Os cálculos consideraram receitas, custos, investimentos e lucros das empresas. Como o número de passageiros tem caído, a tendência é o valor da passagem aumentar. O serviço peca pela má qualidade, e, por isso, os passageiros têm migrado para outros tipos de transporte.

Para se defender, as empresas praticam expedientes ilegais, como reduzir horários e dispensar cobradores. Resultado: cai ainda mais a qualidade do serviço. O prefeito descarta completamente a possibilidade de o poder público subsidiar a prestação do serviço à população.

Trata-se de um problema que desafia as administrações. Se o poder público se omitir, vai faltar transporte, e o pobre é quem vai sofrer, reconhece o prefeito. Segundo ele, os empresários não são amigos nem inimigos, querem lucro. “Nós queremos a passagem mais barata”, disse.

Se não for possível ter a passagem mais barata, que pelo menos ela tenha um preço justo.

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