Henfil, Betinho, Rock Hudson, Cazuza, Renato Russo, Freddie Mercury, Sandra Bréa e Lauro Corona são nomes que não encontram muita ressonância nos ouvidos das novas gerações. Cada um com seu talento, o que eles tinham em comum era a Aids. Quem não é contemporâneo pouco sabe, hoje, dos horrores das mortes de pessoas com HIV nos anos 80, antes que a medicina avançasse para o controle do vírus e a manutenção razoável da qualidade de vida do paciente.

A ausência dessas referências tristes leva à falta de medo em uma juventude que despreza o preservativo. Acabam considerando a gravidez indesejada como único risco do sexo desprotegido e, diante de um arsenal de contraceptivos, ignoram as doenças sexualmente transmissíveis.

O empoderamento dos mais velhos também tem seu papel. Mulheres que, finalmente, reconhecem o direito à vida sexual na terceira idade e homens que dispõem de medicamentos para impulsionar a libido na velhice cometem os mesmos erros que os mais novos e aposentam a camisinha.

O resultado, como O TEMPO mostra hoje, é o aumento de 797,5% nas notificações de Aids em Belo Horizonte neste ano até agora, na comparação com 2010. Em Minas Gerais, foram 11 novos casos registrados por dia até novembro.

Também volta a  sífilis, outra infecção sexualmente transmissível. De caráter quase medieval, em vez de eliminada, ela ressurge com força total. Só em 2018, foram registrados 158 mil episódios de contaminação por meio de relações sexuais no país. Sífilis causa cegueira, paralisia, problemas cerebrais e cardíacos. Sífilis mata.

Nenhuma sociedade deve aceitar o medo como motivador. Mas “Aids”, “clamídia”, “gonorreia” e “sífilis” são palavras que devem voltar ao vocabulário das pessoas, com a conscientização substituindo o temor e a responsabilidade falando mais alto.