Pelo segundo mês seguido, a produção industrial medida pelo IBGE apresenta crescimento mensal. Foram 7%, em maio e, conforme anunciado ontem, 8,9% em junho. Um alívio após uma queda de mais de 26% entre março e abril e um segundo sinal de esperança, um dia após o Boletim Focus do Banco Central reduzir a previsão de queda do PIB deste ano para 5,66%.
É de se destacar que o impulsionador desse movimento veio do segmento de bens duráveis, em especial a indústria automotiva, que elevou sua produção em 70% no mês. Com a pandemia, lançamentos de veículos foram adiados, quase 80 mil empregados tiveram contratos suspensos ou redução salarial, e linhas de montagem foram interrompidas.
Paralelamente, foram desenvolvidos esforços para ajustar as fábricas à nova realidade do distanciamento social, e canais de venda online foram incentivados para compensar o fechamento de concessionárias.
Mas ainda há um longo caminho até a recuperação. A produção industrial acumula uma queda de 10% no ano. Não se podem negligenciar os fatos de que o avanço se dá sobre uma base bastante enfraquecida e que o setor produtivo mal havia se recuperado de um período recessivo quando se viu acuado pela crise da pandemia.
Para garantir que o atual salto tenha fôlego, é preciso que o crédito esteja acessível aos empreendedores. Segundo dados do Ministério da Economia, até o início de julho, foram concedidos somente 25% dos R$ 71 bilhões disponibilizados em linhas de financiamento, em parte pelo receio de inadimplência pelos bancos, em parte pelo excesso de exigências burocráticas.
Resistência à crise o setor produtivo já demonstrou. O que ele mais espera agora são regras claras, objetivas e simples para que o crédito se transforme em crescimento e empregos.