Do exterior, onde está em férias, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) comunicou que está renunciando ao seu mandato e que não vai retornar ao Brasil, por causa das ameaças de morte que vem recebendo, especialmente pelas redes sociais.
A decisão repercutiu mais fortemente no exterior, onde pessoas e organizações estranharam o fato de um parlamentar se autoexilar, por motivos políticos, apesar de viver num país declaradamente democrático e aceito internacionalmente como tal.
Se fosse outro o deputado, a atitude poderia parecer demagógica. Não parece. Desde o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, no ano passado, no Rio, o deputado vive sob escolta policial e isso interfere em sua liberdade pessoal.
Ganhador do BBB de 2005, Wyllys, gay e militante dos direitos LGBT, se elegeu deputado. Nas eleições de 2018, foi reeleito para um terceiro mandato. Alvo de grupos conservadores, ele já ganhou cinco processos de injúria, calúnia e difamação.
Desafeto político de Bolsonaro, com quem conviveu na Câmara dos Deputados, o presidente comemorou, postando no Twitter: “Grande dia!” . Seu filho Carlos, vereador, escreveu: “Vá com Deus e seja feliz!”. Depois, negaram que se referiam a Wyllys.
Político temperamental, o presidente não se conteve de “passar recibo” pelo afastamento do deputado, o mais combativo – e viril – na Câmara das causas LGBT. Sua combatividade incomodava, de certo, os parlamentares que têm posição contrária.
Seja como for, o deputado Jean Wyllys vai fazer falta. Ele é um dos símbolos dos novos tempos que o Brasil viveu no sentido de reconhecer as minorias sociais e garantir a elas o respeito aos direitos humanos. Graças a ele, um “diferente” chegou ao Congresso.
Sua renúncia e exílio são uma prova do baixo nível civilizatório da nossa sociedade.