O governo brasileiro anunciou, ontem, o fechamento, em Bruxelas, na Bélgica, do mais amplo e complexo acordo comercial já celebrado pelo Mercosul, abrangendo uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.
Negociado há cerca de 20 anos, o acordo com a União Europeia atravessou vários governos brasileiros, com suas crises políticas e econômicas. Em alguns momentos, devido à paralisia nas negociações, ele chegou a ser considerado um projeto sem perspectivas.
O Brasil recebeu muitas críticas por insistir no tratado, em vez de seguir, como fizeram outros países latino-americanos, a política dos acordos bilaterais liderada pelos Estados Unidos. Junto com a Argentina, no entanto, os governos continuaram lutando por ele.
Agora, os países do bloco, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – a Venezuela está suspensa –, poderão experimentar um impulso econômico que nunca tiveram. Os dois blocos representam 25% do PIB mundial e um mercado de 780 milhões de pessoas.
Não obstante a resistência dos franceses, os europeus aceitaram abrir seus mercados agrícolas, e o Mercosul cedeu na regulação de serviços e produtos industriais, sobretudo automóveis. A ministra Tereza Cristina, que participou do fechamento do acordo, comemorou os benefícios para a agricultura brasileira.
O Brasil espera um incremento de até US$ 125 bilhões no seu PIB em 15 anos, com um aumento significativo na produtividade do país. A projeção dos investimentos europeus é de US$ 113 bilhões. As exportações para a UE podem chegar a US$ 100 bilhões até 2035.
A liberação do comércio não será total. Serão aplicadas cotas, como já acontece no Mercosul. Mas o ganho político é inquestionável, em momento de baixo crescimento nos países do bloco. O acordo é uma afirmação da abertura econômica e dos pressupostos da concorrência comercial.
Honra seja feita também aos governos anteriores.