Editorial

Vale o escrito

Queda na venda de livros e impactos econômico-sociais


Publicado em 31 de maio de 2021 | 03:00
 
 
 
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No ano em que o Brasil ficou em casa por causa da pandemia, o número de livros vendidos encolheu 18,43%; em números brutos, 80 milhões de exemplares a menos que em 2019. Os dados divulgado pela Câmara Brasileira do Livro na semana passada mostram uma preocupante tendência de retração do setor e trazem implicações diretas para as potencialidades de crescimento do país.

Antes da pandemia, o país havia perdido 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, de setembro do ano passado. Dos brasileiros com mais de 5 anos, 93 milhões não haviam lido uma obra sequer nos três meses anteriores ao estudo.

Pode-se inferir muita coisa da relação entre leitura e bem-estar econômico ao se ver que países em que mais de 70% da população lê dez ou mais livros por ano, como Luxemburgo, Alemanha e Áustria, têm PIB per capita entre US$ 46 mil e US$ 114 mil anuais. No Brasil, onde se leem cinco livros por ano (sendo só 2,5 inteiros), o PIB per capita é de US$ 8,7 mil anuais, segundo dados do Banco Mundial.

Quem lê pouco não tem como aprender muito. Na prova internacional do Pisa, o Brasil é apenas o 58º país em leitura. E, novamente comparando-se PIBs per capita, os primeiros colocados, China, Singapura e Hong Kong beiram valores de US$ 65 mil e crescimento de até 18% no primeiro trimestre de 2021, enquanto a prévia do Banco Central aponta alta de 2,27% aqui.

Permitir que o hábito da leitura se perca não apenas enfraquece um setor que movimenta R$ 5 bilhões anuais em vendas, mas, principalmente, mina a capacidade de reflexão do indivíduo e, por conseguinte, da cidadania. Como bem ensinou Monteiro Lobato há cerca de um século: “Uma nação se faz de homens e livros”.

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