O veto da Presidência à desoneração fiscal até o fim de 2021 atinge o empresariado justamente no momento em que arrefece o pessimismo em relação à economia. No mesmo dia do anúncio do Planalto, a Fundação Getulio Vargas divulgou que o Indicador Antecedente de Emprego subiu 14 pontos em junho, 33% das perdas no setor do trabalho em março e abril.
A desoneração de impostos e contribuições para 17 setores que, juntos, respondem por 6 milhões de empregos no país, foi uma forma de preservar postos de trabalho em meio à crise econômica agravada pela pandemia. Ela atinge áreas de uso intensivo de mão de obra e grandes cadeias produtivas, como montadoras de automóveis, construtoras, transportadoras, empresas têxteis, de call center, de comunicação e máquinas, por exemplo.
A medida, com o veto, valerá somente até o fim deste ano o que, para muitos setores, é insuficiente para garantir uma plena recuperação, pondo empregos em risco. As entidades dos setores de transporte e call centers estimam algo em torno de 100 mil demissões, cada. Os fabricantes de máquinas projetam algo em torno de 500 mil a 1 milhão de postos de trabalho extintos.
Para a equipe econômica do governo, o empresariado e a sociedade estariam mais bem servidos com uma reforma tributária do que com a extensão da medida. O problema é que, embutido nesse cálculo, está uma possível volta da CPMF – imposto regressivo, que impacta o preço ao longo de toda a cadeia produtiva e, não sem razão, extremamente impopular.
Uma articulação para derrubar o veto está em curso na Câmara e no Senado. E, em nome da economia e da preservação dos empregos, espera-se que os principais prejudicados sejam chamados a opinar desta vez.