O título desta coluna parece, à primeira vista, meio estranho, mas não é, pois exprime uma grande verdade já bem conhecida de meus queridos leitores e queridas leitoras em O TEMPO.
Entre Jesus, seus apóstolos e o povo contemporâneo deles, como eram os gregos, já eram conhecidos os pneumatos, palavra originária do vocábulo grego “pneuma” (“espírito” em português). Pneumatos eram e são as pessoas que recebem espíritos comunicantes e que, a partir do século XIX, passaram a ser chamadas também por Kardec de “médiuns”.
Moisés proibiu o contato com os espíritos em Deuteronômio capítulo 18, porque os pneumatos cometiam muitas fraudes, enganando os familiares dos mortos. E é oportuno lembrar aqui que, frequentemente, espíritos maus (melhor se diria “pouco evoluídos”) também ensinam coisas erradas, como demonstra 1 João 4:1. Como se vê, a Bíblia não nega a verdade dos contatos com os espíritos; pelo contrário, até confirma essa verdade, condenando apenas as fraudes dos médiuns e os erros dos espíritos manifestantes. Mas os adversários do espiritismo, por ignorância ou má-fé, falam sempre que a Bíblia condena o espiritismo. Se um médium serve de meio para o contato com os espíritos, como esse contato pode ser um pecado, se é Deus que dá às pessoas o dom da mediunidade, chamada por São Paulo de “dons espirituais”? (1 Coríntios 12: 4-11).
Depois da criação da Santíssima Trindade, os dons espirituais dos indivíduos médiuns, dons estes que são dos espíritos dos médiuns, os teólogos trinitaristas passaram a ensinar, erradamente, que esses dons espirituais dos médiuns são concedidos aos médiuns pelo Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária. O certo é que esses dons espirituais são dados às pessoas médiuns por Deus, pois já eram assim antes da criação do Espírito Santo pelos teólogos trinitaristas no Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381.
E um detalhe: não há no grego, a língua original do Novo Testamento da Bíblia, o artigo indefinido “um”. Só existe o definido “o”, em grego “ho”. Mas os tradutores trinitaristas da Bíblia para o português e outras línguas que têm o artigo indefinido “um” deveriam o ter colocado nas suas traduções. No entanto, colocaram, erroneamente, o definido “o”. E assim fizeram diante de “o” Espírito Santo, quando o certo seria “um” espírito santo.
Foi desse modo que os tradutores da Bíblia colaboraram com a divulgação da ideia errada de que os espíritos comunicantes são um só, o Espírito Santo! E perguntamos: mesmo quando se trata do Espírito Santo de Jesus, que não é o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária?
*Com este colunista, professor de português e literatura aposentado, “O Espiritismo na Bíblia”, na TV Mundo Maior, e palestras e entrevistas em TVs (YouTube e Facebook). Seus livros estão também na Amazon, incluindo os em inglês e a tradução da Bíblia (N.T.). contato@editorachicoxavier.com.br (Cassia e Cléia).