Primeiramente, quero lembrar que esta matéria não é uma blasfêmia contra o Espírito Santo, mas um esforço para mostrar o que ele é na Bíblia primitiva, a qual foi adaptada, posteriormente, aos dogmas.

Temos que entender que Deus é o Espírito Santo, como se diz, por excelência, ou seja, aquele que é chamado de Pai, na Santíssima Trindade. E, às vezes, Ele é chamado também de o Santo Espírito. Quanto à existência desse Espírito Santo bíblico, não há, pois, dúvida nenhuma. Podemos até mesmo dizer dele que se trata, talvez, da maior verdade bíblica.

As dúvidas são sobre o Espírito Santo da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. E é exatamente esse Espírito Santo que virou dogma, pois ele sempre dividiu os teólogos que discordavam da existência dele, do modo que ele foi imaginado pela corrente teológica que o instituiu. Aliás, com todo o respeito que tenho para com os dogmas, toda doutrina que foi proclamada como dogma, é exatamente porque ela é polêmica e divide secretamente os teólogos. E ai de quem negasse publicamente um dogma! A Igreja era unida aos imperadores ou reis. E, assim, eram consideradas inimigas deles, também, todas as pessoas que não acatassem as decisões das autoridades eclesiásticas. Na época da Inquisição, milhares de pessoas morreram nas fogueiras, tidas como hereges, por não acreditarem em algum dos dogmas.

Pelos textos mais antigos do Novo Testamento, falava-se em “um espírito santo” com artigo indefinido “um”, quer dizer um espírito humano bom. São Jerônimo, na sua “Vulgata Latina”, certamente, para evitar confusão com a ideia do Espírito Santo Trinitário da Terceira Pessoa, tido também como Deus, ele, são Jerônimo, fala em “spiritus bonus” (um espírito bom), ao se referir a um espírito humano bom, que foi substituído pelos teólogos dogmáticos por o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária. Passaram, pois, a usar o artigo definido “o”para dar a entender apenas o Espírito Santo dogmático trinitário, em vez de “um”, como estava inserido nos textos mais antigos do Novo Testamento. E esse Espírito Santo foi incluído no credo niceno-constantinopolitanano, citado nas missas. Esse credo tem esse nome porque foi nos concílios ecumênicos de Niceia, em 325, e de Constantinopla, em 381, que foram decretados esses dois dos mais polêmicos dogmas, ou seja, o de Niceia que declarou que Jesus é Deus todo-poderoso tal qual o Deus Pai, e o de Constantinopla que promulgou que o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária é também Deus igual ao Pai e a Jesus Cristo. E daí em diante, por influência das autoridades eclesiásticas, os cristãos passaram a falar mais nele do que no Espírito Santo verdadeiro, que é o de Deus Pai. E, de tal maneira (lavagem cerebral?), isso se tornou tão comum entre os cristãos que, quando se fala em Espírito Santo, só se entende o da Terceira Pessoa Trinitária, esquecendo-se, totalmente, o de Deus Pai.

Pela Bíblia, esse Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária é uma espécie de substantivo coletivo designando o conjunto de todos os espíritos humanos. É o que ensina são Paulo (1 Coríntios 6: 19): “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário de um espírito santo (a alma), que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. Observe-se que o espírito santo nos foi dado por Deus, não sendo ele, pois, o próprio Deus!

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