Para o Concílio Ecumênico de Niceia (325), Jesus Cristo é Deus tal qual o Deus Pai absoluto, único, imutável, gerado (emanado) e não criado. Mas Paulo diz que Jesus Cristo foi o primogênito das criaturas, isto é, criado por Deus. Numa palestra em Portugal, um senhor perguntou-me se Jesus Cristo era o primogênito das criaturas do universo ou somente do nosso mundo, o planeta Terra. Eu respondi-lhe que, dada a grandeza do universo, eu imaginava que são Paulo deveria ter querido dizer que Jesus Cristo é o primogênito das criaturas daqui do nosso mundo terráqueo ou, talvez, do nosso sistema solar.
Os teólogos do citado concílio de Niceia formavam três grupos principais: os do grupo “homoousios” (para quem Jesus Cristo era da mesma substância da de Deus), bloco vitorioso, defendido por Constantino e santo Atanásio, e que deu origem ao Credo de Niceia; os do grupo “anomoios” (para os quais Jesus Cristo era de substância diferente), chefiado por Ario; e o grupo “homoiousios” moderado (que afirmava que Jesus Cristo era de substância semelhante à de Deus), liderado por Eusébio de Cesareia.
E, caminhando para a instituição da Santíssima Trindade, os teólogos criaram mais um Deus: o Espírito Santo da Terceira Pessoa trinitária. Nesse ensejo, lembramos que o Santo Espírito de Deus, ou o Espírito Santo da Primeira Pessoa trinitária, é verdadeiro e, inclusive, é bíblico.
O Concílio Ecumênico de Éfeso (431) definiu que Jesus Cristo tem uma só pessoa, a divina (monofisismo). Daí que o teólogo Eutiques concluiu que se Jesus Cristo tem somente a pessoa divina, Ele deveria ter também uma só natureza, a divina. Mas outros teólogos acharam que essa ideia prejudicava a natureza humana de Jesus Cristo, pelo que Eutiques foi condenado pelo Concílio Ecumênico de Calcedônia (451), para o qual Jesus Cristo tem duas naturezas: a divina e a humana. Mas perguntamos, se Jesus Cristo é somente uma pessoa divina, como Ele poderia ter natureza humana?
Todas essas polêmicas devem ser respeitadas, pois elas são o resultado dos grandes e sinceros esforços dos teólogos, que, se erraram, foi pela sua pouca evolução, na época, do conhecimento sobre Deus. Aliás, nem hoje podemos definir corretamente o que seja Deus. Por isso, até ousamos dizer que quanto mais falarmos sobre o que é Deus, com raríssimas exceções, mais besteiras falamos sobre Ele. (Para saber mais: meu livro “A Face Oculta das Religiões”, Megalivros).
Aproveito a oportunidade para dizer que, quando afirmo que tenho o meu modo de interpretar a Bíblia, não quero afirmar que ele seja um modo exclusivo meu de eu interpretá-la, mas que esse modo é também de milhões de estudiosos da Bíblia, principalmente espíritas, que seguimos a orientação de Kardec que foi rigoroso ao ensinar que uma ideia para ser verdadeira tem que ter a concordância de muitos espíritos e não apenas de um espírito, o que, é claro, vale também para nós espíritos encarnados. São Pedro condena também interpretações bíblicas isoladas (2 Pedro 1: 20).
E encerramos essa matéria, lembrando o seu título: Deus é absoluto, único e imutável, enquanto que Jesus Cristo evoluiu (Hebreus 5:9): “...e tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o autor da salvação eterna de todos os que lhe obedecem”.
Campanha da Fundação Espírita André Luiz (FEAL) para doações de livros espíritas em hospitais, prisões, cracolândias etc. da cidade de São Paulo, a partir R$ 12. Contato para os apoiadores: www.mundomaior.com.br