JOSÉ REIS CHAVES

O Espírito Santo de Deus e o da Terceira Pessoa Trinitária

Discussões sobre essa questão perduravam entre os teólogos


Publicado em 30 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Para alguns segmentos católicos, o Espírito Santo da Terceira Pessoa é o símbolo do amor recíproco existente entre o Pai e o Filho. Ora, um símbolo não é uma coisa concreta, como o é Deus, o que complica, então, as ideias teológicas seculares sobre ele.

A questão trinitária é tão complicada que, depois de o Concílio Ecumênico de Niceia (325) ter decretado que Jesus é também Deus, durante cerca de mil anos, as discussões sobre essa questão ainda perduravam entre os teólogos. E foi assim que a Igreja decretou, em 1274, no Concílio Ecumênico de Lion (França), o dogma de que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho Jesus Cristo. Esse dogma ficou conhecido, em latim, com o nome de “Filioque”(do Pai e do Filho), condenado pela Igreja Ortodoxa Oriental que ensina que o Espírito Santo da Terceira Pessoa procede só do Pai, diminuindo, pois, o poder da divindade de Jesus. E essa doutrina do “Filioque” fica, ainda, mais complicada diante do ensinamento de são Paulo sobre o Espírito Santo.

O verdadeiro Espírito Santo da Bíblia ou Santo Espírito é o de Deus, criador incriado, denominado por Jesus de Pai dele e de todos nós. E Paulo, falando sobre o Espírito Santo de Deus Pai, ensina-nos que nós somos santuários desse Santo Espírito de Deus. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós...?” (1 Coríntios 6: 19). Dissemos que esse Espírito Santo, a que Paulo se refere, é o de Deus Pai, ou seja, o da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, pois Paulo nem conheceu o da Terceira Pessoa Trinitária, que, só mais tarde, foi instituído pelos teólogos. E uma prova de que houve muita resistência de uma parte dos teólogos contra o Espírito Santo da Terceira Pessoa é que a Igreja o proclamou como dogma, doutrina de crença obrigatória, e ai de quem, publicamente, negasse um dogma! E foi assim, pela força e não pela razão, a lógica e o bom senso, que algumas doutrinas dogmáticas, entre elas a do Espírito Santo da Terceira Pessoa, vingaram e estão aí, até hoje, vivenciadas pelo cristianismo oficial.

E a Igreja passou a basear suas crenças mais nos dogmas, divulgando-os à saciedade. Um exemplo disso é o próprio Espírito Santo da Terceira Pessoa. E, nas primeiras gerações cristãs, chamava-se um espírito bom manifestante de “um espírito santo”, ou “um espírito bom” (alma boa). Mas os teólogos mudaram o seu sentido para o único “Espírito Santo” da Terceira Pessoa, e falando mais nele do que no Espírito Santo de Deus Pai.

São Paulo nos ensina que nós somos santuários do Espírito Santo (dum espírito santo em grego), quer dizer uma centelha ou sopro divino que é a alma criada por Deus e tem por morada o nosso corpo. E repetimos o que já foi dito: o Espírito Santo da Terceira Pessoa, nas primeiras gerações cristãs, era entendido como sendo um espírito santo ou espírito bom. Ele é, pois um coletivo dos espíritos humanos abrangendo-os todos. Porém, uma observação muito importante: cada espírito ou centelha divina é parte de Deus em nós, como a extensão de um telefone, mas possuindo cada espírito sua própria identidade individual e imortal, a qual não é, pois, a mesma de Deus, caso contrário, nós estaríamos diante do falso princípio panteísta, que ensina que tudo é Deus, quando na verdade Deus está presente em tudo onde Ele quiser estar (panenteísmo). E estar presente em um lugar não é ser esse lugar!

PS: Agora em DVD, o filme espírita dirigido por André Marouço, “Nos Passos do Mestre”: www.mundomaior.com.br

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