O inferno existe. Mas não pode ser interpretado literalmente na Bíblia, e não é mitológico.
Os teólogos do passado viam a onipotência de Deus, pensando no suposto aniquilamento dos pecadores por essa sua onipotência. Mas Deus não odeia nem aniquila ninguém, pois Ele é amor. Ademais, Ele jamais é ofendido por nós. Sim, podemos transgredir as leis dos espíritos encarnados e desencarnados da sintonia divina (Hebreus 1,14), mas quem sofre com isso são as pessoas, vítimas de nossos erros, e nós mesmos, e jamais Deus, pois Ele é inofendível. E, se Ele sofresse com os nossos pecados, Ele estaria perdido! "Se pecas, que mal lhe causas?... A tua impiedade só pode fazer o mal ao homem como tu mesmo..." (Jó 35, 6 a 8). E escreveu santo Agostinho: "Que delitos te ofendem, se é impossível fazer-te mal?" ("Confissões", capítulo 3, item 8).

Entre essas leis, está a de causa e efeito ou cármica, a qual tem por objetivo disciplinar e recuperar o indivíduo, e não o de o aniquilar como ainda o ensinam alguns líderes religiosos de hoje. E Deus não castiga, pois isso seria vingança, que é incompatível com Deus. Daí que a própria palavra castigo deriva-se do verbo latino "castigare" (purificar). Da mesma raiz é a palavra castidade (pureza). Pela sua etimologia, castigo é, pois, purificação e não pena, e muito menos pena sempiterna (para sempre). Pena é só a colheita pelo próprio autor da semeadura do mal.

Alguém sugeriu que eu deveria defender Kardec. Estou defendendo-o, demonstrando que sua doutrina é bíblica. E ouso confirmar a conhecida frase: o maior reformador do cristianismo não é Lutero, mas Kardec. Os nossos irmãos evangélicos, por terem sofrido lavagem cerebral, equivocam-se, grandemente, quando pensam que o espiritismo é macumbaria e contrário à Bíblia.

Pela evolução, nós temos, hoje, mais condições de entender melhor o que Deus seja do que os teólogos do passado, mesmo porque eles não eram infalíveis! Se a lei de causa e efeito está em sintonia com Deus, ela é perfeita. Se ela é perfeita, é justa, se é justa, não pode o pecado ter consequência negativa maior do que ele. O inferno, pois, existe, sim, mas não interpretado literalmente e mitologicamente como um local geográfico de fogo, jeito que os teólogos do passado o imaginaram. E ele não é sempiterno (para sempre), mas apenas eterno (indefinido), porque depende do carma negativo de cada um, como o purgatório católico, que foi até elogiado por Kardec. E Jesus pontificou que pagaremos tudo até o último centavo (Mateus 5,26). Isso quer dizer que, pago o último centavo, nós estaremos quites, o que joga por terra, totalmente, as supostas penas sem fim. "Onde está, ó inferno, a tua destruição?" (Oseias 13,14). Os líderes cristãos, em grande parte, ainda ensinam penas sempiternas, uns por ignorância, outros para poderem explorar mais facilmente seus fiéis.

Mas Deus não vai colocar esses líderes religiosos culpados no tal de inferno imaginado erradamente por eles, pois Deus é amor, e o espírito, por não ser matéria, não pode ser queimado. Se tal inferno mitológico, para sempre e de fogo deles existisse mesmo, os pais humanos seriam mais bondosos do que Deus, o que seria uma aberração!
PS
1) Agradeço a Jairo Valadão Rosa os comentários.
2)Parabéns ao Super Notícia por estar superando novamente, em tiragem, a "Folha de S.Paulo", e ao O TEMPO, pelo aumento de sua circulação, em 40 %, desde dezembro de 2008, segundo dados do IVC.

Duke