Estamos mesmo caminhando no sentido de uma solução para encerrar, ou pelo menos amenizar, a crise com os Estados Unidos. Trump disse, ao responder à pergunta de uma jornalista brasileira numa rápida e improvisada entrevista coletiva, que está disposto a conversar com Lula quando o presidente do Brasil quiser e se dispuser a ligar. Verdade? 

Há mesmo essa disposição ou o presidente americano está apenas se mostrando pronto para o diálogo em função da crise interna que começa a enfrentar em seu país? As medidas que tomou contra meio mundo, impondo tarifas estratosféricas para a importação – o Brasil é o maior penalizado –, começam a desorganizar setores da economia americana. A inflação aumenta, e já há sinais de sérios riscos de desabastecimento de alguns produtos. Trump começa a sentir a pressão interna e externa por seus gestos impensados. E a relação com o Brasil é o maior exemplo de uma ação política atabalhoada, que teve uma resposta das autoridades brasileiras não esperada por Trump. 

A verdade é que o americano tomou uma trilha torta para enfrentar o Brasil. No mundo político poucos acreditam que seja mesmo o amor por Bolsonaro a motivação da “briga” com o Brasil. Para o mundo, especialmente o econômico, Trump rompeu as boas relações com o Brasil pelas posições de Lula no Brics, posições que ameaçam a hegemonia americano no mercado mundial, especialmente a supremacia do dólar como moeda internacional.

Na visão dos analistas, aliar-se a Eduardo e proteger Jair, acuando e desmoralizando Lula e tentando envolver o Judiciário, mais especificamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi a saída encontrada por ele para penalizar o país por suas posições no Brics. Foi muito escândalo para, até aqui, nenhum resultado prático. 

O governo brasileiro e o Judiciário, em especial o ministro Moraes, não recuaram e conquistaram o apoio popular para suas posturas. Ao contrário, Trump tornou-se uma figura antipática, e Eduardo Bolsonaro, seu cupincha, um inimigo da pátria. Diante do quadro político internacional, em que se tornou uma figura execrável, e das consequências econômicas internas, Trump está acuado. Precisa rever posição, e conversar com Lula, caso procurado, é o passo inicial. O passo seguinte é um aperto de mão que seus auxiliares e o ministro Haddad começam a costurar. Eduardo Bolsonaro pode começar a procurar uma saída.

Bem, o quadro político é este desenhado aqui. Mas não nos esqueçamos de que estamos falando de Donald Trump. Aí...