Começa hoje e vai até o dia 12 o julgamento de Jair Bolsonaro e de sete aliados que compõem o chamado “grupo crucial” da tentativa de golpe. O ex-presidente é acusado de cinco crimes, entre eles a tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado. 

Para especialistas e historiadores, o julgamento é um dos mais importantes da história do país por reafirmar a soberania brasileira e a autonomia das instituições democráticas, sendo, por isso, acompanhado com atenção no mundo.

Internamente, o resultado do julgamento poderá causar mais radicalização política e tentativas de mudanças constitucionais para beneficiar os condenados – se houver condenados.

Tentativas que, aliás, já começaram, com a movimentação de deputados e senadores para colocar em pauta a PEC das Prerrogativas, ou da Blindagem, que visa proteger políticos envolvidos em irregularidades de toda ordem, dificultando a ação policial para a apuração dos crimes e o julgamento do Judiciário. É uma PEC, no dizer do senador mineiro Cleiton Gontijo de Azevedo, o Cleitinho, eleito com 4 milhões de votos, que, “querendo ou não, é para beneficiar político”. “E um projeto desses é amplo e acaba que alguns podem ser inocentes, mas vai acabar beneficiando canalhas, e tem um monte de canalhas no Congresso Nacional”. 

A presença de figuras controvertidas no Congresso – fugindo um pouco do termo “agressivo” usado pelo parlamentar – não chega a ser uma novidade. É antiga a prática de buscar proteção em um mandato parlamentar, e são muitos os exemplos da história política brasileira. Criar mais prerrogativas, como estabelece a PEC combatida pelo senador – que afirma ter o compromisso de votar contra todo projeto que beneficie parlamentares –, é tornar mais atraente uma vaga de parlamentar para quem busca a impunidade e que, estranhamente, exerce um enorme fascínio sobre o eleitor. 

Não nos esqueçamos também de que, qualquer que seja o resultado do julgamento que começa hoje, haverá uma intensificação da campanha pela anistia ampla, visando beneficiar o ex-presidente Bolsonaro, nem que isso signifique beneficiar também os que destruíram o patrimônio brasileiro e os que usaram dinheiro para retornar o país ao regime ditatorial – com Bolsonaro ou sem ele, é bom ressaltar –, buscando benefícios pessoais ou para seu grupo.

Por tudo isso, independentemente de seu lado político, não perca de vista o julgamento da nossa história.