Depois de mais de ano como presidente, finalmente Lula vem a Minas, em agenda marcada para esta semana. Na pauta do mandatário, o anúncio de benefícios para o Estado. A presença de Lula em Minas – a agenda presidencial marca compromissos em BH, inclusive com vinda da prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT) – é vista como uma reparação a um erro político do presidente, pois o Estado teve importância fundamental em sua vitória na disputa presidencial e vinha sendo desconhecido politicamente.
Talvez o comportamento político do governador Romeu Zema, impondo distância ao governo federal, como se ainda estivesse em campanha eleitoral, buscando consolidar-se como de oposição – ele teve apoio de Bolsonaro na disputa eleitoral – tenha sustentado o distanciamento que agora se busca quebrar.
A mudança de comportamento do governador Tarcísio de Freitas (SP), um bolsonarista empedernido e radical, que buscou se aproximar do governo petista na busca de apoio para grandes obras em seu Estado, talvez tenha alterado um pouco os planos políticos de Zema quanto ao relacionamento com Lula.
Alguns assessores do governador mineiro já se mostravam preocupados com o distanciamento entre presidente e governador, argumentando que o relacionamento institucional é fundamental para a governabilidade do Estado e que a radicalização, mesmo com objetivos eleitorais, só causa prejuízos a Minas.
O que se espera é que, a partir de agora, o presidente e o governador possam se relacionar como sempre aconteceu em governos anteriores em que os presidentes frequentavam Minas. Na intimidade, Lula já manifestou que atenderá os pedidos mineiros, pois na eleição ganhou em Minas.
Alguns assessores têm mostrado a Zema a necessidade de um bom relacionamento com o presidente até pelos interesses mineiros. Lula também foi advertido sobre a necessidade de colocar a política de lado, assegurando a paz política, e o resultado é o encontro previsto em Belo Horizonte, quando Zema deverá colocar na mesa de conversações algumas reivindicações de obras no Estado, mas, em especial, uma proposta para equacionar a dívida de Minas com a União. Caso não haja um entendimento, Minas ficará ingovernável.
Para o bem do país, o que se deseja é que o exemplo de maturidade política, esperado, que será dado hoje em Minas, com o diálogo entre Lula e Zema, se espalhe pelo país. Dialogar e buscar soluções de consenso não é ceder politicamente. É, bem ao contrário, demonstração de competência e força. E o Brasil, tão radicalizado por conveniências políticas, anda bem necessitado de demonstrações de grandeza e competência de nossos políticos.
Paulo César de Oliveira é jornalista e empresário pco@vbcomunicacao.com.br