A prestigiosa revista britânica “The Economist” anunciou nesta semana: em 21 de agosto, a Nigéria marcou três anos livre da poliomielite. Recentemente, em 2012, o país contabilizava cerca de metade de todos os casos ocorridos no mundo. Com essa conquista, a África inteira está a um passo de ser declarada um continente livre da doença, o que deverá acontecer em 2020.

A pólio não tem cura e pode paralisar uma pessoa em questão de horas, especialmente crianças de até 5 anos. Há 30 anos, era endêmica em 125 países, com a ocorrência de aproximadamente 350 mil casos por ano (mil por dia). Em 1988, o Rotary International lançou sua Campanha Pólio Plus, com vistas à erradicação da doença em todo o mundo. Para tanto, seria necessário vacinar todas as crianças, um objetivo para lá de ambicioso. Foram firmadas parcerias com Organização Mundial da Saúde (OMS), governos, e instituições privadas como a Fundação Bill & Melinda Gates.

O Rotary já contribuiu com valores superiores a US$ 1,7 bilhão e inúmeras horas de trabalho voluntário na imunização de mais de 2,5 bilhões de crianças em 122 países. Além disso, a organização desempenha papel significativo ao influenciar governos doadores a colaborarem na iniciativa com mais de US$ 7,2 bilhões. O trabalho do Rotary se concentra em defesa da causa, arrecadação de fundos, recrutamento de voluntários e aumento da conscientização pública.

E os resultados vieram: de lá para cá, houve redução de mais de 99,9%. O número de casos representado pelo 0,1% restante é o mais difícil de prevenir devido a fatores que incluem: isolamento geográfico, precariedade da infraestrutura pública, conflitos armados e barreiras culturais. Toda a América foi declarada livre da doença em 1979 (assim como o Brasil, isoladamente, foi) e a Europa, em 2002. Em 2018, o mundo registrou 33 casos apenas.

Todavia, os profissionais da saúde recomendam cautela: enquanto houver uma única pessoa infectada, o mal poderá retornar e se espalhar de novo. A mesma Nigéria foi declarada livre em 2015, mas sofreu uma irrupção no ano seguinte.

Atualmente, a doença continua a existir nas áreas mais remotas do Paquistão e do Afeganistão, onde ocorreram cerca de 53 e 14 casos, respectivamente, neste ano. Guerras e outros tipos de violência dificultam o acesso a todos que necessitam da vacina. Mas a vitória está estimulantemente próxima, conclui a revista.