Vittorio Medioli

Vittorio Medioli

Empresário e político de origem italiana e naturalizado brasileiro, Vittorio Medioli está em seu segundo mandato como Prefeito de Betim. É presidente do Grupo SADA, conglomerado que possui mais de 30 empresas que atuam em diversos segmentos da economia, como logística, indústria, comércio, geração de energia e biocombustíveis, além de silvicultura, esporte e terceiro setor. É graduado em Direito e Filosofia pela Universidade de Milão. Em sua coluna aborda temas diversos como economia, política, meio ambiente, filosofia e assuntos gerais.

O TEMPO

Com vontade

Não podemos querer que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo, se recusamos o desafio e preferimos o conforto contemplativo

Por Vittorio Medioli
Publicado em 18 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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Permito-me reconstruir com algumas palavras mais um texto de Albert Einstein. 

Não podemos querer que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo, se recusamos o desafio e preferimos o conforto contemplativo. Ou ainda se permanecemos no exercício da crítica sem tomar alguma atitude real. Pior quando distorcemos a verdade, a camuflamos, a subvertemos pelo interesse próprio ou pela vaidade, permanecendo estáticos. 

A crise é a maior bênção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz desafios e provoca progressos. A criatividade nasce da angústia, assim como o dia nasce da noite escura. 

É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e as grandes estratégias, é nela que se dão as viagens improváveis, as migrações. A superação dos obstáculos leva a ampliar os limites do ser humano e reorganiza um país, coloca em ordem as prioridades. A crise atiça a coragem, a ousadia. Quem vence a crise derrota as adversidades, se supera sem ter sido superado. 

Quem atribui à crise seus atrasos, fracassos e penúrias violenta seu próprio talento, se rende aos problemas. 

A verdadeira e mais séria crise é o triunfo da incompetência. A mediocridade que se esquece da vontade, da genialidade, da dedicação, da porta aberta que homem algum pode fechar. 

Erra quem pensa que a derrota é inevitável, quem não age com suas virtudes naturais, aquelas que não dependem dos outros e só ele pode determinar: sinceridade, honestidade, ternura, aversão ao prazer efêmero, contentamento com a sua parte e com poucas coisas, benevolência, franqueza, nenhum amor ao supérfluo, desprendimento do insignificante, magnanimidade, compaixão, firmeza, moderação, humildade.    

O inconveniente das pessoas e dos países é a dificuldade para encontrar a saída e as soluções. Sem crise não há desafios; sem desafios a vida é uma monótona rotina, uma lenta agonia, um morno aproximar-se ao túmulo sem ter acrescentado qualquer coisa para o bem da humanidade.    

Sem crise não há méritos; sem mérito não há progresso nem avanço real. É na crise que aflora o melhor de cada um, é na superação dos obstáculos que os limites são ampliados, porque sem crise todo vento é uma carícia. Falar de crise é promovê-la, reconhecer-lhe como uma vitoriosa; e calar-se na crise é exaltar o conformismo, subscrever a própria insignificância. 

Em vez disso, trabalhemos duro, incansavelmente, porque dentro de nós há uma divindade, quase sempre ofuscada pelo egoísmo, pelo medo, pela ignorância. 

Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la. 

Neste momento, mais que terceirizar responsabilidades, vejamos com franqueza aquilo que, até então, deixamos de fazer, aquilo que podemos fazer. 

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