Para os otimistas, o ano novo sempre traz com ele boas perspectivas de renovação, novidades e melhorias. Assim está o setor de cervejas artesanais em 2019. Os olhos dos cervejeiros estão voltados para uma nova possibilidade que surgiu com a sanção da Lei Municipal 11.128/2018, que estimula a criação de microcervejarias e brewpubs na capital mineira. A legislação antiga não permitia a instalação dessas modalidades em ruas locais ou residenciais. Com isso, muitas empresas expandiram-se para fora da capital.

Com a lei, novos negócios estão prestes a chegar a Belo Horizonte. A tradicional Falke Bier, que há 15 anos está instalada em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH, já se prepara para inaugurar em março um brewpub na rua Major Lopes, na Savassi, região Centro-Sul da cidade.

Segundo Marco Falcone, um dos proprietários da cervejaria, 2019 promete grandes avanços. “O movimento agora vai dar uma guinada para Belo Horizonte. A tendência é trazer pra cá”, afirma Falcone.

Outra cervejaria que já prepara a mudança de cidade é a Velho Brasa, instalada atualmente em Contagem. A nova fábrica será na avenida Altamiro Avelino Soares, no bairro Castelo, Pampulha. A previsão é que em cinco meses o brewpub esteja em funcionamento. “Vamos ter o pub e continuar nos pontos de vendas. Com certeza teremos que produzir mais”, conta a proprietária, Márcia Brasil.

Curso

Na próxima terça-feira será oferecido o curso “Abertura e gestão de brewpubs” na Escola Experimente (rua Marquês de Maricá, 616, no Santo Antônio). As aulas serão ministradas pelo professor Ramon Gontijo Garcia, sócio da cervejaria Dos Caras, que vai abordar os principais pontos do planejamento de equipamentos para cervejaria, cozinha, mobiliário, capacidade produtiva, tributos, precificação, infraestrutura e gestão financeira, entre outros. Os telefones para inscrição são (31) 2516-9331 ou (31) 99120-0460.

“Existe uma demanda muito grande pelo curso. O que eu acho bacana no brewpub é que você consegue construir uma experiência única para o consumidor, o coração da sua cervejaria está ali. Acho que vão surgir muitos brewpubs nos próximos anos”, destaca Garcia.

Ele também cita como incentivo a inclusão das microcervejarias no regime do Simples Nacional, o que reduz a carga tributária e permite a comercialização de 100% dos produtos para pessoa física no próprio estabelecimento.

Mais qualidade, menos amadorismo

Para 2019, a previsão de crescimento do setor de cervejas artesanais é de 14,5%. “Com a atual conjuntura governamental, vemos com bons olhos o atendimento de toda a cadeia industrial, principalmente na área fiscal, que é um gargalo no setor”, afirma Tatiana Santos, executiva do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas (SindBebidas).

Diante da tendência de crescimento, um novo desafio se coloca aos cervejeiros: a qualidade. Segundo Carlos Henrique de Faria Vasconcelos, mestre cervejeiro da Hofbräuhaus, esse é o momento de separação do “joio do trigo”. “O cervejeiro que não tiver boa qualificação e aquelas cervejarias que tenham postura amadora com relação aos seus processos produtivos tendem a perder espaço, porque o consumidor tem se informado e está buscando qualidade. Ele não aceita qualquer produto”, explica.

Segundo Túlio Pinto da Silva, mestre cervejeiro da Verace, o maior desafio será acompanhar a dinâmica do mercado e o aumento da competitividade. “Os consumidores de cervejas especiais estão cada vez mais exigentes, e o aumento da oferta faz com que possam escolher entre aquelas que mais apreciam. Quem ficar parado, seja em aprimoramento da qualidade, seja em lançamentos, perderá mercado”, avalia Silva.