Terror que incomoda mais do que assusta

Faça Ela Voltar não é aquele terror repleto de jumpscares ou gore exagerado. O novo trabalho dos irmãos Danny e Michael Philippou (Fale Comigo, 2022) aposta em um desconforto psicológico constante, que se mantém grudado na mente do espectador mesmo depois da sessão.

A trama acompanha Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong), dois irmãos recém-órfãos que passam a viver com Laura (Sally Hawkins) enquanto o mais velho não completa 18 anos para lutar pela guarda. Apesar de Laura parecer uma figura acolhedora, há algo em sua casa que causa estranhamento, como se um segredo estivesse sempre prestes a ser revelado.

A presença de Oliver (Jonah Wren Phillips), outro filho adotivo de Laura, intensifica esse clima. A criança não se comunica, aparece sempre ferida e provoca nos protagonistas uma desconfiança crescente. Cada nova cena reforça que algo está fora do lugar, criando uma atmosfera sufocante sem recorrer ao óbvio.


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Alegoria para luto, controle e trauma

Um dos pontos altos de Faça Ela Voltar é a forma como o terror funciona como uma alegoria emocional. Laura rapidamente se apega a Piper, que lhe lembra sua recém-falecida filha, mas sua relação com Andy é o oposto: cada interação revela novos sentimentos de rejeição e raiva.

A história aborda temas como luto, ressentimento, controle da narrativa e enfrentamento de traumas sem cair na exposição excessiva. O sobrenatural entra como um espelho dos conflitos internos dos personagens, com uma mitologia que se revela aos poucos, convidando o público a montar as peças do quebra-cabeça.

Mais melancolia do que medo

Ao final da sessão, o que permanece não é apenas medo, mas uma sensação de melancolia. O longa segue a linha de produções de terror psicológico que preferem construir uma atmosfera densa e cheia de significados em vez de apostar apenas em sustos, mesmo que ainda consiga gerar gastura com algumas cenas.

Essa abordagem faz de Faça Ela Voltar uma ótima pedida para quem gosta de ver o terror como ferramenta para explorar fragilidades humanas e emoções profundas, em vez de apenas buscar o choque imediato.

Vale a pena assistir?

Se você procura um terror intenso, com profundidade emocional e uma sensação de desconforto que ultrapassa a tela, Faça Ela Voltar cumpre o papel com excelência. O longa reafirma Danny e Michael Philippou como cineastas interessados em construir narrativas que incomodam na medida certa e deixam espaço para reflexão.

Onde assistir Faça Ela Voltar

Faça Ela Voltar está em cartaz nos cinemas. A previsão é que o filme chegue ao streaming no final de 2025, mas ainda sem plataforma confirmada.

 

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