O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), rebateu, nesta terça-feira (22 de outubro) a críticas feitas pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), a respeito do acordo de repactuação da tragédia de Brumadinho e disse que as falas do ministro demonstram sua “total alienação” em relação ao tema. A fala de Zema aconteceu após o ministro afirmar que a repactuação de Mariana não repetiria os erros do acordo de Brumadinho.
“Acho que isso demonstra a total alienação do ministro. Porque esse acordo (de Mariana) está sendo feito porque o então governo Dilma e então governo Pimentel, quando ocorreu a tragédia de Mariana, há nove anos atrás, criaram a Renova. Uma fundação que visava a ressarcir os atingidos, a ressarcir o Estado de Minas Gerais. Essa fundação até hoje já consumiu R$ 30 bilhões, eu não vi nenhum hospital, eu não vi nenhuma estrada, eu não vi nenhuma rua pavimentada com esse recurso. Acho que quem ganhou dinheiro foram consultorias, foram auditorias. E nós mostramos que o acordo de Brumadinho, sim, funciona”, respondeu o governador.
Zema citou ainda que há “hospital sendo entregue, já tem estradas que já foram pavimentadas ou estão sendo, tem saneamento básico sendo feito neste momento” com os recursos provenientes do acordo de Brumadinho. “O acordo de Brumadinho, sim, funcionou. Agora, ele falar isso talvez ele esqueceu a história e esqueceu o passado, talvez ele sofra de amnésia. Talvez era bom ele recordar e saber que existe uma fundação Renova que foi feita pelo PT de Minas, de Brasília, que não entregou nada”, completou o chefe do Executivo mineiro.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do ministro de Minas e Energia para saber se ele gostaria de comentar a declaração de Zema e aguarda retorno. A Renova também foi procurada pela reportagem.
Acordo de Mariana
A discussão ocorre em um contexto em que a mineradora Vale está propondo um acordo definitivo, no valor de cerca de R$ 170 bilhões, para demandas relativas ao rompimento da barragem em Minas Gerais, ocorrido em 5 de novembro de 2015. Houve 19 mortos na tragédia. Há expectativa de que o termo seja assinado ainda nesta sexta-feira (25 de outubro).
A empresa informou em comunicado publicado na sexta-feira (18 de outubro) que o acordo em discussão visa “termos justos e eficazes” para uma resolução “mutuamente benéfica” para todas as partes. Dentro da parte a que terá direito o governo Zema (Novo), R$ 2,3 bilhões serão destinados à duplicação da BR-356 entre Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, e Mariana.
O trecho é de, aproximadamente, 190 quilômetros. Outros R$ 32 bilhões serão divididos em obrigações de execução da Samarco, como, por exemplo, indenizações individuais, reassentamento e recuperação ambiental. Os R$ 38 bilhões restantes dizem respeito a valores já investidos pela Fundação Renova desde 2016, quando a entidade foi criada, a partir de um termo de transação e ajustamento de conduta (TTAC), para conduzir as ações de reparação. A Renova será extinta pela repactuação.