A força do secretário de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, está à prova. Nos últimos dias aumentaram os boatos de bastidores indicando que a troca no comando da pasta estava próximo de acontecer.

Alvo de elogios públicos do governador Romeu Zema (Novo), Leônidas viu seu prestígio balançar após uma audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na qual ele endossou críticas dos parlamentares à inclusão de bens do setor cultural - como o Palácio das Artes em Belo Horizonte - na lista de “moedas de troca” que poderiam ser repassados ao governo federal para abater a dívida que o Estado tem com a União.

“Acho que todos estes bens e imóveis são simbólicos para Minas Gerais. Desde a Cemig até todos os outros. Na minha opinião, a gente vai ter problemas muito sérios de fomento à cultura, na falta da Codemge e da Cemig”, afirmou na audiência.

A fala não passou impune e foi criticada publicamente pelo vice-governador Mateus Simões (Novo), que questionou a postura do subordinado em frente aos parlamentares. O posicionamento do governo foi a senha para que pretendentes ao cargo de Leônidas, que já tinha se envolvido em outra grande polêmica com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e Filarmônica de Minas Gerais - quando Leônidas teria sugerido à Fiemg assumir a gestão da Sala Minas Gerais e desaparecido quando a ideia foi criticada pela opinião pública -, começassem movimentos para retirar o secretário do cargo.

O temor com a troca fez grupos vinculados especialmente ao turismo trataram de organizar listas de apoio a Leônidas. Apelidado de “Fica Leônidas”, o movimento teria tido adesão de várias lideranças do setor de cultura e, especialmente, do setor de turismo que consideram a gestão de Leônidas como um divisor de águas em Minas Gerais. 

O movimento, contudo, pode encontrar resistências pragmáticas dentro do governo. Um dos nomes que têm surgido como um interessado na função é o do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL). Ele tem histórico no setor e ocupou o cargo de ministro do Turismo na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Além de ser deputado federal, Marcelo Álvaro Antônio é pai da deputada estadual Amanda Teixeira Dias (PL), uma parlamentar que tem mostrado proximidade com o governador e uma disposição de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como o pai dela faz no Congresso Nacional. 

Levar Marcelo Álvaro Antônio para o governo federal é considerado um caminho para ampliar a participação do PL no governo mineiro e facilitar negociações para futuras alianças no campo de direita, em Minas Gerais, que apesar de demonstrarem dificuldades em avançar, são um interesse comum tanto entre os articuladores políticos de Zema, que miram a continuidade do governo com a eleição de Mateus Simões, em 2026, quanto do PL, que tenta criar um palanque único e sólido em Minas Gerais para a campanha presidencial do próximo ano. 

Marcelo Álvaro Antônio, no entanto, nega qualquer conversa ou interesse em assumir a secretária no governo Zema. “Não tem conversa alguma e eu sequer fui sondado para o cargo”, destacou.

Nos bastidores do governo do Estado, a informação é que - apesar de situações que tenham ocorrido e das pressões que de fato existem - o secretário segue com relativa segurança no cargo e uma troca não é algo que aconteceria por agora. Interlocutores do setor de cultura e turismo ponderam ainda que a troca poderia não ser tão estratégica para Marcelo Álvaro Antônio, caso o deputado tenha interesse de buscar uma reeleição, pois ele ficaria poucos meses no cargo e teria que se afastar com o início do calendário eleitoral, em meados do próximo ano.

Caso a troca aconteça, não será o primeiro momento, inclusive, em que o parlamentar cruzou a carreira profissional de Leônidas. Foi na gestão de Marcelo Álvaro Antônio que o atual comandante da Secult-MG foi indicado para assumir  o cargo de presidente interino da Embratur, em 2019, após uma passagem pela Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Mas a relação entre os dois não fluiu, e em menos de dois meses Leônidas foi substituído pelo paranaense Paulo Senise, ex-presidente da TurisRio, uma decisão à época atribuída ao próprio ministro.