O deputado estadual Alencar da Silveira Jr. (PDT) é o favorito para a primeira das três cadeiras vagas do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG). A expectativa é que a eleição para o assento deixado há cerca de um ano pelo ex-conselheiro José Alves Viana seja iniciada pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho, nos próximos 15 dias, ainda antes do recesso.

Interlocutores ouvidos por O TEMPO atribuíram o favoritismo de Alencar à relação com Tadeuzinho. Embora esteja mantendo discrição quando perguntado por deputados quem apoiará, o presidente da ALMG já teria sinalizado que o critério da idade deveria ser levado em consideração para definir os indicados. O presidente do América é o mais velho entre os postulantes, com 63 anos e à frente do oitavo mandato. 

O critério, que, hoje, é o que mais se aproxima de um consenso entre deputados, é defendido porque manteria a rotatividade das cadeiras do TCE-MG. Como os conselheiros se aposentam compulsoriamente aos 75 anos, a indicação de candidatos mais velhos abriria novas vagas em um tempo mais curto. Caso Alencar seja eleito, o assento, relevante para as articulações internas da Casa, voltaria a ficar vago já em 12 anos.

Logo depois de o então deputado Douglas Melo (PSD) ser eleito prefeito de Sete Lagoas, região Central de Minas Gerais, lideranças da ALMG teriam sondado se o ex-presidente e suplente da chapa do PSD, Adalclever Lopes, 58 anos, teria interesse em uma das três vagas. Porém, Adalclever teria sinalizado que seus planos são tentar a reeleição. Mais tarde, ele foi acomodado como presidente da Comissão de Administração Pública.

A idade foi o que teria levado o deputado Tito Torres (PSD), 41 anos, a perder o favoritismo para a cadeira deixada por Viana. Filho do ex-presidente da ALMG e do ex-conselheiro Mauri Torres, cuja aposentadoria abriu a terceira vaga em abril passado, Tito poderia ficar por até 34 anos no órgão, o que era questionado pelos pares. Diante do crescimento de Alencar na corrida, deputados ainda tratam como uma incógnita uma eventual candidatura de Tito à primeira vaga. 

Além da idade, pesaria a favor de Alencar a candidatura ao TCE-MG em outras eleições, como a de 2022, quando o então presidente da ALMG, Agostinho Patrus, foi eleito logo após abrir mão da candidatura a vice-governador do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido). Segundo interlocutores da Casa, sem Agostinho no pleito, o 2° secretário da Mesa Diretora se candidataria contra o também deputado Sávio Souza Cruz. 

Apesar de Alencar ser apontado como favorito, ainda há uma desconfiança entre deputados se o presidente do América será candidato único à vaga deixada por Viana. A deputada Ione Pinheiro (União Brasil), 59 anos, é tratada como uma potencial postulante à cadeira por alguns, mas, segundo outros, ela tende a se candidatar à segunda vaga, deixada pelo ex-conselheiro Wanderley Ávila em outubro de 2024, quando se aposentou. 

Ione até então corria por fora, mas a indefinição sobre a data da eleição para as três cadeiras deu fôlego à candidatura da deputada. O irmão, prefeito de Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte, e ex-presidente da ALMG, Dinis Pinheiro (Republicanos), e o sobrinho, presidente estadual do PP e deputado federal, Pinheirinho, estariam à frente das articulações para viabilizar o nome de Ione, que está no terceiro mandato.

A cadeira deixada por Ávila também deve ser disputada pelo deputado Thiago Cota (PDT), 40 anos. Filho do ex-prefeito de Mariana, região metropolitana, Celso Cota (PSDB), Thiago teria o apoio do líder do governo Romeu Zema (Novo) na ALMG, João Magalhães (MDB), padrinho de um dos filhos do deputado. A candidatura do presidente da Comissão de Transporte à segunda vaga seria fruto de um acordo costurado com Alencar e Tito.  

Além de Ione e Thiago, o líder da oposição a Zema, Ulysses Gomes (PT), 47 anos, é apontado pelos pares como candidato à cadeira de Ávila. Único postulante do bloco, interlocutores observam que Ulysses tem, de largada, 20 votos a favor, número de parlamentares da oposição. O cálculo é que os votos contariam tanto a favor do deputado quanto em uma eventual negociação com os adversários por um arranjo.  

Entretanto, a ausência de consenso pela cadeira de Ávila poderia levar Tadeuzinho a iniciar o rito para a escolha após o da vaga de Viana, como, por exemplo, depois do recesso parlamentar, que vai até 31 de julho. O presidente mantinha as indicações para as três vagas do TCE-MG abertas em banho-maria para dar tempo aos candidatos chegarem a um denominador comum sem a necessidade de uma intervenção nas negociações

Tadeuzinho teria dito a pessoas próximas que a disputa aberta, em plenário, poderia provocar um desgaste tanto para os postulantes quanto para o restante dos deputados, já que a votação é nominal. O alto número de candidaturas foi o que teria levado Tadeuzinho a abandonar os planos de fazer a eleição para as três cadeiras de uma só vez, ideia à qual, de acordo com o entorno dele, já esteve inclinado. 

Por outro lado, a terceira cadeira, deixada por Mauri, pode ser segurada por Tadeuzinho. Há quem acredite que o próprio presidente, cotado como potencial candidato ao governo de Minas em 2026, possa vir a se candidatar a ela, a exemplo do antecessor, Agostinho. Alguns deputados até teriam lhe aconselhado a segurar a vaga para utilizá-la como moeda de troca nas negociações para as eleições do próximo ano.

Além de Alencar, Ione, Tito, Thiago e Ulysses, há outros candidatos que ainda tentam viabilizar uma indicação para o TCE-MG. São eles Arnaldo Silva (União Brasil), Dr. Wilson Batista (PSD), Gustavo Valadares (Mobiliza) e Sargento Rodrigues (PL). 

As vagas do TCE-MG são disputadas em razão da estabilidade dada até os 75 anos e do salário de um conselheiro, que é de R$ 41.845,48. O órgão tem sete cadeiras, sendo quatro indicadas pela ALMG, e três, pelo governador do Estado. As três vagas abertas pelas aposentadorias de Viana, Ávila e Mauri são ocupadas, interinamente, Telmo Passareli, Licurgo Mourão e Adonias Monteiro, conselheiros substitutos.