A empresa Rotas do Brasil venceu o leilão da BR-262, no trecho que liga as cidades mineiras de Uberaba e Betim, e será responsável por investir R$ 8,54 bilhões na via que liga o Triângulo Mineiro à região metropolitana de Belo Horizonte. A concessão da rodovia, conhecida como Rota do Zebu, foi realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo Ministério dos Transportes, nesta quinta-feira (31 de outubro), durante evento realizado na B3, em São Paulo.

O leilão foi vencido pela empresa que ofereceu maior desconto sobre a tarifa básica de pedágio. Nos lances iniciais, a Rotas do Brasil ofereceu desconto de 11,78%, enquanto o banco BTG ofertou um corte de 8%. Nas propostas seguintes, a empresa seguiu superando a BTG Pactual e deu fim ao leilão com uma oferta de corte de 15,30% no pedágio da via.

Com a nova concessão, o pedágio pago pelos usuários entre Betim e Uberaba pode ficar 82,53% mais caro. Hoje, o motorista de um automóvel desembolsa ao todo, neste trecho, R$ 30,40. Com a nova tarifa básica e a previsão de construção de duas novas praças, uma em Nova Serrana e outra em Araxá, além das quatro já existentes, ele pagará R$ 55,49. Até que as duas novas praças sejam construídas, o valor será de R$ 38,39, o que representa um aumento de 26,28%.

Em nota, a ANTT pontua que a concessão prevê o desconto para usuários frequentes e um desconto para o pagamento automático com o uso de TAGs. “Os usuários frequentes são aqueles que utilizam trechos da rodovia várias vezes por mês (...). O desconto contempla veículos de passeio e oferece uma redução adicional e progressiva no valor da tarifa a partir da segunda passagem pela mesma praça, no mesmo sentido, realizada dentro do mesmo mês”, explica a agência.

Apesar do reajuste do pedágio do trecho em até 82,53%, o consultor em transporte e trânsito Silvestre de Andrade avalia que o novo modelo de concessão adotado pela ANTT é mais maduro e consistente. “Não adianta oferecer um preço baixo, mas sem serviços”, pondera ele. “As modelagens anteriores foram feitas em outro momento, em outra situação, em que se imaginava que o céu era de brigadeiro. Não era. As empresas não importam os encargos dentro de um novo cenário econômico”, alega Silvestre.   

O consultor em transporte e trânsito ainda analisa que o deságio de 15,3% foi maior do que aquele inicialmente esperado em razão do leilão viva-voz realizado. “Então, acabou sendo bom para o usuário. Sem a possibilidade do leilão, o desconto seria menor do que acabou sendo efetivado”, aponta Silvestre. A princípio, a Rotas do Brasil havia proposta um desconto de 11,78%, inferior ao final, de 15,3%. 

Trajeto considerado estratégico para a exportação pecuária do Brasil, a Rota do Zebu está entre concessões antigas que estão sendo relicitadas neste ano. O novo plano de concessão, com duração de 30 anos, prevê um total de R$ 8,54 bilhões de investimentos no trecho, sendo R$ 4,39 bilhões aplicados em obras de longo prazo e R$ 4,14 bilhões em ações de manutenção e operação da via.

A empresa vencedora do leilão é uma associação entre o fundo de investimento Kinea, que está estreando nas concorrências do setor, e o Grupo Way Brasil, voltado para construções de rodovias. "Nos comprometemos que levaremos aos usuários da BR-262 uma nova rodovia com muito investimento, segurança e trafegabilidade. Nessa nova parceria entre o Grupo Way e a Kinea, criamos uma plataforma com robustez financeira, expertise construtiva e operacional", disse Giovanni Mott, conselheiro do consórcio Rotas do Brasil.

A Rotas do Brasil terá de entregar a duplicação de 44,3 quilômetros da rodovia, além da implantação de 169 quilômetros de faixas adicionais e 3,6 quilômetros de vias marginais. Além disso, o edital prevê a instalação de um Ponto de Parada e Descanso (PPD), a construção de 17 passarelas de pedestres, 100 pontos de ônibus e três passagens de fauna.

Conforme estimativa do governo, cerca de 4,4 milhões de pessoas são usuárias diretas da BR-262 por ano. A expectativa é de que, com a concessão, mais de 63 mil empregos sejam gerados entre a região metropolitana de Belo Horizonte e a área considerada a porta do Triângulo Mineiro, considerando efeitos diretos e indiretos das obras.