O hipercentro de Belo Horizonte pode virar a décima regional da capital mineira, atualmente dividida em nove: Centro-Sul, Leste, Oeste, Norte, Nordeste, Noroeste, Pampulha, Venda Nova e Barreiro. A mudança, que faz parte da reforma administrativa proposta pela Prefeitura de Belo Horizonte, agrada a especialistas, comerciantes e parlamentares. Se aprovada, significa que o setor vai sair do guarda-chuva da Centro-Sul e passará a ter administração própria. A prefeitura, no entanto, ainda não explicou o que mudaria com a transformação do hipercentro em uma regional.
Proposta pelo prefeito Fuad Noman (PSD), a “promoção” do hipercentro não foi uma promessa de campanha. O chefe do Executivo apresentou o Projeto de Lei nº 11.065 três dias após ser reeleito. O texto já foi aprovado em primeiro turno, corre nas comissões da Casa em segundo turno e a expectativa é de que seja votado novamente ainda neste ano. Caso seja aprovado, fica dependendo apenas da sanção do prefeito para começar a valer de forma imediata.
A Prefeitura de Belo Horizonte ainda não forneceu detalhes sobre o plano de transformar o hipercentro em uma regional. A alteração está prevista no texto, que já traz dez regionais em vez de nove e informa que o setor seria a décima subdivisão na gestão do território da capital mineira. Na avaliação do arquiteto e urbanista Sergio Myssior, diretor da MYR Projetos Sustentáveis, transformar o hipercentro em regional acompanha uma tendência em grandes metrópoles, de gestões cada vez mais descentralizadas e autônomas.
O especialista destacou ainda que a iniciativa pode ajudar a resolver problemas locais do setor, que possui particularidades. “A regional Centro-Sul abrange toda a área dentro da avenida do Contorno e bairros como Anchieta, Carmo, Sion, Belvedere, São Pedro, entre outros. Mas o hipercentro tem uma dinâmica própria. É um recorte específico onde há uma grande concentração de oferta de equipamentos, principalmente de comércio e serviços”, avaliou Myssior.
Segundo o urbanista, embora a região concentre uma quantidade significativa de oportunidades de trabalho e renda, ela foi se esvaziando em relação aos demais usos, especialmente habitação, o que exige uma atenção setorizada. A prefeitura aponta que o papel das regionais é apoiar as secretarias municipais na implementação de políticas públicas. Por isso, o especialista acredita que a transformação do hipercentro em uma regional vai contribuir para melhorar o atendimento das demandas do traçado central de Belo Horizonte. A intenção não foi confirmada ou negada pela PBH, que não respondeu à maioria dos questionamentos a respeito do hipercentro.
Vale lembrar que o tratamento dado ao centro pela da gestão de Fuad e de prefeitos anteriores da capital mineira foi, inclusive, foco de críticas de adversários na disputa pela PBH, como o deputado estadual Bruno Engler (PL) e o deputado federal Rogério Correia (PT). Ambos chegaram a usar o termo “abandonado” para definir o local.
A região central, na totalidade, já está no foco da prefeitura há mais de um ano. Em março de 2023, Fuad deu início ao Programa de Requalificação do Centro de Belo Horizonte, chamado de “Centro de Todo Mundo”. O programa aborda desde projetos culturais, questões de mobilidade, requalificação urbana, segurança e cuidados com a população em situação de rua, mas não tem ações específicas para o hipercentro. Até o momento, a PBH já concluiu oito obras e outras cinco estão em curso dentro do traçado do setor que pode virar regional.