Durante coletiva de imprensa, a equipe médica responsável pelo tratamento do prefeito Fuad Noman (PSD) informou que ele havia perdido a lucidez nas últimas semanas. Fuad vinha sofrendo consequências neurológicas devido ao tratamento de um linfoma não-Hodgkin. No final de fevereiro, o chefe do Executivo chegou a sofrer uma paralisia facial e não conseguiu mais abrir os olhos. O prefeito de Belo Horizonte sofreu uma parada cardiorrespiratória na noite dessa terça (25 de março). Apesar de ter sido reanimado, ele não resistiu e faleceu na manhã desta quarta-feira (26 de março).

“Agora na fase final, ele não estava mais lúcido. Tinha momentos que estava acordado, mas não tinha mais comunicação. Foi uma perda neural difícil com problemas na fala, ele já não conseguia mais abrir o olho”, explicou o coordenador médico do Mater Dei, Enaldo Melo de Lima.

Fuad foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin testicular em junho do ano passado. Conforme o médico, o tratamento ao qual o prefeito foi submetido, assim como os medicamentos, acabou trazendo consequências neurológicas. Desde novembro, após a campanha eleitoral para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o chefe do Executivo foi perdendo os movimentos. A paralisia foi gradativa, afetando nervos, pernas e a musculatura, sendo que os “piores” eventos para o prefeito ocorreram ao final de fevereiro, quando teve paralisia facial e foi perdendo a lucidez.

“As informações divulgadas foram limitadas ao que ele e os familiares solicitaram. Ele sofreu muito do ponto de vista pessoal, desde o início do tratamento, mas principalmente nas piores fases, quando ele desencadeou problemas na fala, locomoção, tudo foi desencadeado até o óbito”, diz o médico.

De acordo com o coordenador Médico da UTI do Hospital Mater Dei, Anselmo Dornas Moura, o problema neuronal que afetou o prefeito acomete a musculatura periférica, trazendo problemas para deglutir e até mesmo respirar.

"Isso tudo foi  acontecendo progressivamente, e a perda da lucidez foi recentemente. Às vezes é difícil saber se ele está lúcido, porque ele pode estar entendendo, mas não é capaz de comunicar, porque a musculatura da face não funcionava mais. Foi um processo muito árduo para ele e para a família."

Conforme Enaldo, a doença de Fuad era “extremamente complexa”. Apesar de estar ciente das dificuldades, o prefeito optou por manter a campanha à reeleição para a PBH. Fuad passou por cirurgia e realizou tratamento quimioterápico, mas teve complicações inerentes à doença e ao tratamento, conforme o coordenador do Mater Dei.

“O prefeito lutou bravamente durante todo o curso da doença, com apoio irrestrito dos familiares. Durante o curso da doença, ele nunca deixou de exercer o mandato dele de forma digna, venceu uma campanha dura, com uma energia impressionante. Ele fazia o tratamento, saia das sessões quase semanais e ia para a campanha ou para a prefeitura”, conta Enaldo.

O médico lembra que esteve com o prefeito quando saiu o resultado das eleições para PBH, em que Fuad bateu o deputado estadual Bruno Engler (PL) no segundo turno. “A gente viu a realização pessoal de um sonho dele.”