O presidente estadual do PT, Cristiano Silveira, afirmou neste domingo (6 de julho), que não reconhecerá o resultado da eleição para a presidência do partido no estado caso a deputada federal Dandara Tonantzin (PT) não participe da disputa, que estava marcada para ocorrer hoje, mas foi suspensa pela executiva nacional da legenda.

O motivo da suspensão foi uma decisão judicial que obriga a participação de Dandara no pleito. A deputada foi retirada da disputa após constatação de débito de R$ 130 mil com a legenda. Segundo o estatuto do partido, filiados com dívida não podem participar das eleições internas.

Silveira, que apoia Dandara para a sua sucessão, questionou a decisão do comando nacional do partido de retirar a deputada da disputa. Conforme o dirigente, houve, de última hora, troca de integrantes das instâncias nacionais do partido responsáveis pela análise da participação da parlamentar do pleito no estado.

Os candidatos que disputariam o cargo de presidente do PT em Minas neste domingo seriam a deputada estadual Leninha, o ex-presidente do PT em Juiz de Fora, Juanito Vieira, e o advogado Esdras Juvenal, do partido em Iturama. Dos três, o nome mais forte é o da deputada Leninha, por contar com o apoio de integrantes históricos da legenda, como os deputados federais Patrus Ananias e Rogério Correia.

Já Dandara tem o apoio do presidente do partido em Minas e, também, do deputado federal Reginaldo Lopes. Segundo Silveira, agora que há uma decisão judicial colocando a parlamentar na disputa, resta ao comando nacional acatar a decisão.

"A direção do partido tem que fazer uma mediação para que haja pacificação. A justiça reconheceu que Dandara pode participar do pleito. Não reconheceremos nenhum resultado da eleição em Minas se a deputada não participar da disputa", declarou o dirigente partidário. A decisão foi tomada neste sábado (5 de julho) em caráter liminar pelo juiz Jerônimo Grigoletto Goellner da 17a Vara Cível de Brasília, após ação impetrada por Dandara. Cabe recurso.

O comando nacional do partido se reunirá na terça-feira (8 de julho) para discutir o cenário em Minas e, possivelmente, marcar nova data para o pleito no estado. O processo eleitoral interno do PT, chamado de Processo de Eleições Diretas (PED), acontece normalmente neste domingo em outros estados e no plano nacional.

Reação

Apoiadores da deputada Leninha se reuniram neste domingo para debater o cenário do partido no estado após a ação na justiça da deputada Dandara e a suspensão da eleição para a presidência do partido no estado. O deputado federal Rogério Correia afirmou que a medida tomada pela parlamentar foi um ato de força contra o próprio partido.

"A candidatura da Dandara foi impugnada pelo partido, e não foi só a dela, mas de quase 400 candidatos a diretórios municipais que não puderam concorrer por este mesmo motivo, o não pagamento da dívida com o partido", argumentou o parlamentar. Correia afirmou que o estatuto do partido tem que ser respeitado. "Eu não seria candidato à presidência do partido se eu devesse à legenda R$ 130 mil. Eu não teria coragem de olhar para os militantes (...)", acrescentou o deputado.

Em nota divulgada neste domingo, a deputada Dandara afirmou que a saída judicial foi a única que tinha em mãos. "Em todo esse processo, nós buscamos o diálogo, a justiça e a verdade, procurando esgotar todas as discussões nas instâncias partidárias antes de recorrer à justiça. No entanto, devido à tentativa de indeferir a minha candidatura sob uma justificativa já comprovadamente infundada, não tivemos outra escolha. Não podemos tolerar a instrumentalização da burocracia para avançar em perseguições políticas", afirmou, no posicionamento.
 

A deputada vinha alegando que um problema bancário impediu o pagamento da dívida. Por sua vez, a candidata Leninha também se posicionou, via áudio divulgado por assessores. A deputada repudiou e disse ter ficado surpresa com a decisão da colega de partido de acionar a justiça. "Manifesto minha surpresa e meu repúdio à judicialização de um processo que é legítimo e transparente", disse. Conforme a parlamentar, a atitude da rival fragiliza o debate político.