A vereadora de Belo Horizonte, Juhlia Santos (Psol), criticou os recentes embates que vêm ocorrendo no âmbito da Câmara Municipal da capital. Para a parlamentar, a Casa estaria se tornando um “reality show de péssimo gosto” por conta dos projetos que vêm sendo pautados para discussão em Plenário. Juhlia falou sobre as ações do Legislativo de Belo Horizonte durante entrevista ao programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta sexta-feira (20 de junho).
Conforme a vereadora, as pautas propostas pela esquerda têm enfrentando uma “morosidade” para tramitação na Casa. Ela cita que a Comissão de Legislação e Justiça, a principal da Câmara, é composta majoritariamente por parlamentares da direita e de centro, o que estaria contribuindo para que os projetos apresentados pelo campo progressista não avancem. Em entrevista ao Café com Política em abril, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), disse que buscava pautar os projetos propostos pelos vereadores de diferentes espectros políticos e dar espaço para suas falas sem tomar lados.
“É óbvio que vai ter uma morosidade de tramitação desses projetos, então, é importante a gente dizer isso, de uma forma muito negritada à população, que maioria desses projetos (da esquerda) estão ali agarrados”, diz Juhlia.
Questionada se os embates que vêm ocorrendo na Câmara seriam uma reedição do que ocorria com os ex-vereadores e, hoje, deputados federais, Nikolas Ferreira (PL) e Duda Salabert (PDT), a parlamentar afirma que, antes, as discussões eram “mais qualificadas”.
“Os embates da Duda, que traz marcadores próximos aos meus, e do Nikolas, que traz marcadores próximos de uma bancada, eram muito mais qualificados e eram debates que tratavam das realidades, inclusive, de Belo Horizonte”, diz, complementando que muitos parlamentares, hoje, já estariam querendo se promover para disputar as próximas eleições.
“Os problemas reais de Belo Horizonte, quando a gente tenta colocá-los, logo eles já são desfeitos. Eles já são desmontados com discurso pronto, vazio, desqualificado. Um discurso que beira a ilegalidade, um discurso inconstitucional que está tramitando e que está ganhando corpo”, afirma Juhlia.
Conforme a vereadora, em um primeiro momento, a esquerda vai buscar um diálogo para avançar com a tramitação dos projetos. Em relação aos da oposição, Juhlia afirma que a bancada tentará judicializar textos como do uso da Bíblia nas escolas, de criminalização do funk e do que impede a participação de pessoas transexuais em eventos esportivos da capital.
“A casa está se tornando quase um reality show de péssimo gosto, porque cada temporada é palco de questões que eu fico pensando: eu fui eleita realmente para participar disso? Eu estava me dispondo a propor, fiscalizar, efetivar políticas públicas, não participar do que está se tornando hoje a Câmara Municipal de Belo Horizonte”, pontua a vereadora. “Estão tentando empurrar uma cidade conservadora a goela abaixo da população de Belo Horizonte. Mas nós estamos dizendo que existe uma cidade reativa, uma cidade combativa, uma cidade inventiva.”