O diretor político do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Minas Gerais (Sindpúblicos-MG), Geraldo Henrique, vê o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) como uma “esperança” para que os servidores estaduais possam ter uma recomposição anual da inflação nos salários. Em entrevista ao programa Café com Política, exibido nesta segunda-feira (23 de junho) no canal no YouTube de O TEMPO, o representante da categoria também defendeu o teletrabalho para o funcionalismo público, em especial, para os servidores lotados na Cidade Administrativa.

Como lembra o sindicalista, o próprio Governo de Minas já chegou a condicionar a recomposição da inflação ao ingresso do Estado no Propag. Em maio deste ano, o vice-governador Mateus Simões (Novo) reafirmou que a concessão de um reajuste salarial geral para os servidores estaduais dependeria da derrubada de dois vetos presidenciais ao Propag. A vantagem do Propag, que pode refletir nos servidores, é a redução dos juros da dívida de Minas, que hoje está em cerca de R$ 165 bilhões, em comparação com o Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

“O Estado alegava, durante esses dez anos, que nós ficamos sem reajuste porque o problema era a dívida, que era o comprometimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Nós fomos enrolados durante dez anos sem reajuste da inflação, o que gerou várias carreiras com servidores que recebem menos que um salário mínimo. Então, o Propag, para nós, é uma esperança que, de agora para a frente, pelo menos a parte da inflação, todo ano a gente possa receber e recompor os salários desses servidores que estão abaixo do salário mínimo”, defende o representante da categoria.

Questionado sobre os demais projetos que fazem parte do “pacote” de adesão de Minas ao Propag, como de federalização das estatais e da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Geraldo reforça que caberá aos deputados estaduais avaliarem o que seria melhor para o Estado, e não do interesse político do governo de Romeu Zema (Novo).

“O governo passa e o Estado fica. Então, espero que os deputados tenham essa sensibilidade”, diz, complementando que Minas não poderia abrir mão, por exemplo, da UEMG. “A outra questão é a do tratamento com servidores. Não pode usar o Propag para ficar fazendo congelamento de salários, nós não suportamos mais isso. Então, eu acredito que os deputados devam olhar isso e fazer com que, aprovando o Propag, nós, servidores, possamos voltar a ter uma política salarial de, pelo menos, recomposição salarial todo ano”, afirma.

Teletrabalho

Durante a entrevista ao Café com Política, o diretor do Sindpúblicos-MG também defendeu a implementação do teletrabalho para os servidores estaduais. Em sua avaliação, a medida melhora a produtividade, poderia ser uma economia para o Estado e facilitaria para aqueles que precisam realizar grandes deslocamentos, como no caso dos servidores lotados na Cidade Administrativa. Apesar do desejo dos trabalhadores, Geraldo diz que há dificuldades nas negociações para esta demanda.

“O problema do governo Zema é a questão do diálogo com as entidades sindicais. Esse diálogo não existe”, afirma.