Apesar de não ter comparecido ao velório do prefeito Fuad Noman, o ex-chefe do Executivo de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) diz ter se sentido “muito triste” com o falecimento do ex-aliado. Em entrevista ao programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta quinta-feira (10 de julho), Kalil justificou a ausência por uma questão de coerência, considerando que ambos haviam rompido as relações.

Fuad faleceu em março deste ano, após sequelas de um linfoma não-Hodgkin. O prefeito chegou a ficar 80 dias internado, mas não resistiu. Kalil não chegou a se manifestar nas redes sociais, nem compareceu ao velório de Fuad.

“Eu fiquei muito triste. Fiquei de verdade. Mas eu tinha rompido com o Fuad, eu não me sinto confortável de tuitar, de manifestar na morte de uma pessoa que um mês antes eu tinha tido atrito. Eu tenho vergonha e dignidade”, diz Kalil. “Eu vi tanta tuitada de cretino que prejudicou tanto o Fuad e isso me deu vergonha. Eu tive um mandato com o Fuad. Respeito muito isso, ele me respeita muito. Nós tivemos um atrito público, ele se foi. Eu fiquei triste, mas fiquei de coração.”

Conforme Kalil, se fosse o seu caso, não gostaria que desafetos comparecessem ao seu velório. “Se algum inimigo meu tentar ir no meu enterro, eu já falei com meus filhos: põe para fora a ‘pescoção’, não vem fazer gracinha em cima da minha morte, não”, justificou o ex-prefeito.

Fuad e Kalil começaram a trabalhar juntos em 2017, quando o economista assumiu o cargo de secretário municipal de Fazenda. Convidado para compor a chapa de Kalil em 2020, Fuad foi elogiado na época pela atuação e lealdade. No entanto, essa aliança começou a ser questionada quando Kalil sentiu falta de apoio do aliado na campanha para o governo estadual, em 2022. Ao assumir a Prefeitura, Fuad declarou que não faria campanha para seu antecessor, justificando que precisava focar na administração da cidade.

Durante a campanha de 2024, Kalil apoiou a candidatura do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) à Prefeitura de Belo Horizonte e fez críticas ao então prefeito e candidato à reeleição, Fuad, acusando-o de tomar para si obras iniciadas em sua gestão. Questionado pelo Café com Política se apoiar a campanha Fuad teria sido outro caminho a ser tomado no ano passado, Kalil nega.

Sem entrar em detalhes, o ex-prefeito afirma que não ficou satisfeito com situações que ocorreram na prefeitura durante a gestão de Fuad, afirmando que alguns compromissos “não foram cumpridos” e que teria sido “traído”.

Na última entrevista exclusiva concedida por Fuad a O TEMPO, ele mencionou Kalil de forma breve e negou ter mágoas dele. "De jeito nenhum (tenho mágoa de Alexandre Kalil). Pelo que ele fez na campanha do Tramonte, mostrou que eu estava certo em não tê-lo na campanha. Prefiro não falar nele, acho que ele teve um comportamento diferente do que ele sempre foi, então não quero falar de Kalil".