O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) teceu críticas ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), contra quem disputou o pleito para o Executivo estadual em 2022. Na avaliação de Kalil, a postura de Zema em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria uma “estupidez” por conta da situação financeira do estado. Em entrevista exclusiva ao programa Café com Política, exibida no YouTube de O TEMPO nesta quinta-feira (10 de julho), o ex-prefeito ponderou que a dívida de Minas com a União seria resolvida “fazendo as pazes” com o governo federal.
Nas eleições de 2022, Kalil foi candidato ao governo de Minas em 2022, mas perdeu para Romeu Zema (Novo) ainda no primeiro turno, com o chefe do Executivo registrando 56,18% dos votos. Para o ex-prefeito de Belo Horizonte, Zema falhou no cumprimento de promessas de campanha ao longo do mandato, como no caso da entrega do Hospital Regional de Juiz de Fora, na Zona da Mata. O governo de Minas e a Prefeitura de Juiz de Fora vivem um embate para retomada das obras, considerando que a gestão de Zema afirmou que não irá finalizar o equipamento.
Kalil também criticou o projeto para a construção, equipagem, operação, manutenção e prestação de serviços do Complexo de Saúde Hospitalar Padre Eustáquio, em Belo Horizonte, que será feito por meio de Parceria Público-Privada (PPP).
“O que eles querem é fazer um hospital na Gameleira para dar para empresário. E saúde, educação e segurança é coisa do Estado, é o Estado que tem que cuidar”, diz. “Você acha que quem está agredindo o presidente da República, está passando pela cabeça dele que o único jeito de fazer um hospital público nesse país é com o Ministério da Saúde? Quem agride o governo federal para fazer política ideológica está com intenção de abrir seis hospitais no estado?”, dispara.
O ex-prefeito faz referência aos ataques que Zema vem realizando contra Lula. Como mostrou uma reportagem de O TEMPO, o governador chegou a publicar em suas redes sociais 30 ataques em 60 dias contra o presidente, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Partido dos Trabalhadores.
“A briga com o presidente da República é uma estupidez, principalmente por um estado que está quebrado e falido. Porque quando a prefeitura briga com o presidente da República, ela tem dinheiro. O Estado hoje está aí, no Propag (Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados com a União), rastejando no chão com uma dívida de R$ 190 bilhões, uma briga na Assembleia para entregar a Cemig, a Copasa.”
Durante a entrevista, Kalil afirmou ser a favor da privatização e entrega de ativos em determinados casos, mas não das estatais que rendem lucros ao Estado, como no caso da Cemig. Para o ex-prefeito da capital mineira, a solução para a dívida de Minas com a União, que, atualmente, está em cerca de R$ 165 bilhões, seria “fazer as pazes com o governo federal”.
“Parar de esculhambar quem tem a caneta na mão, sentar lá e tentar fazer alguma coisa, porque hoje não tem nem tentativa. Quando você fala que você quer entregar uma universidade e um hospital para o governo federal, você está achando que alguém é bobo ou o povo é burro e não entendeu”, diz Kalil. “Eu acho que o caminho é sentar na mesa. Agora, sentar na mesa como? Sentar na mesa com o cara que esculhamba, que não tem nem ambiente para conversar?”, questiona.