O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) ironizou o setor de construção civil da capital mineira em meio ao desejo do atual chefe do Executivo, Álvaro Damião (União), de propor alterações no Plano Diretor da cidade para, entre outras sugestões, permitir a construção de prédios mais altos. Para Kalil, o Plano Diretor aprovado durante sua gestão da administração municipal seria o “mais avançado”. O ex-prefeito foi entrevistado pelo programa Café com Política, exibido no YouTube de O TEMPO nesta quinta-feira (10 de julho).

Kalil ainda considera cedo para fazer uma avaliação sobre a gestão de Damião, que assumiu o cargo de prefeito em abril deste ano, após o falecimento de Fuad Noman. Questionado sobre o desejo do atual chefe do Executivo em alterar o Plano Diretor da capital mineira para permitir a construção de prédios mais altos, Kalil não se colocou contra, mas ironizou o setor de construção civil na cidade.

“A indústria da construção acha que Belo Horizonte é Singapura, que quem joga um chiclete no chão vai preso. Eu acho que o Plano Diretor foi muito importante, porque ninguém notou que acabou a especulação de lote, todo mundo ‘danou’ a construir em Belo Horizonte, que virou um canteiro de obra depois do Plano Diretor”, diz Kalil. Singapura é uma cidade-estado localizada no sudeste da Ásia que é conhecida por uma arquitetura de integração com a natureza.

O recente Plano Diretor de Belo Horizonte foi aprovado em 2019, após quatro anos de tramitação na Câmara Municipal, e sancionado por Kalil, quando era prefeito de Belo Horizonte. Entre as novidades, a matéria definiu que o coeficiente de aproveitamento básico para construção seria de 1 para todo o município. Dessa forma, um proprietário de um lote de 1.000 m² poderia construir os mesmos 1.000 m² no terreno. Acima disso, seria preciso pagar Outorga Onerosa do Direito de Construir (ODC) à prefeitura.

“Cada prefeito faz o que quer. Isso é igual futebol, não corneta, se ele acha que Belo Horizonte cabe prédios maravilhosos, que isso é uma maravilha, prédio alto, eu também acho. Agora, tem que ter estrutura embaixo. Então, cada um faz o que acha que deve fazer. Eu só acho que, na minha visão, foi o Plano Diretor mais avançado que essa cidade já teve”, pondera Kalil.

Relação com CMBH

Durante a entrevista ao Café com Política, Kalil foi questionado sobre a visão sobre a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Em seu mandato como prefeito, foi aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar suposto abuso de poder na prefeitura. Entretanto, Kalil diz que não foi convidado a depor na época.

“Era contra mim. E não me chamaram para depor. Então, Câmara, não vamos perder tempo. Esse é o corpo, esse é o exemplo que eu dou da Câmara Municipal de Belo Horizonte”, sintetiza.