A deputada estadual Leninha, vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ganhou a disputa pelo comando do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais, mas deve ter a minoria dentro do diretório estadual, que é a instância coletiva de decisão da legenda, conforme números divulgados pelo partido.

A vitória de Leninha veio com 56% dos votos válidos, após um processo eleitoral tumultuado, que chegou a ser judicializado após o partido impedir a candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin, alegando dívidas partidárias.

O resultado na disputa pela presidência, no entanto, não se refletiu na disputa pelas chapas que irão indicar os membros do diretório. As chapas ligadas a Dandara conquistaram cerca de 54% dos votos. Isso lhes confere, a princípio, prioridade na indicação de cargos-chave dentro do partido, como o tesoureiro, responsável pela gestão dos recursos da legenda. 

Superada a fase mais turbulenta, o desafio da nova presidente, deputada Leninha, é reorganizar o PT-MG, ainda marcado pelas mágoas da disputa interna. Sua missão inclui preparar as articulações para as eleições de 2026, com foco na reeleição do presidente Lula (PT).

“A Dandara, o Juanito, o Esdras - que disputaram comigo essa eleição - são pessoas maduras o suficiente para entender que nós temos que encerrar esse ciclo, recomeçar um outro ciclo buscando essa unidade. Trazendo essa divergência, mas buscando a unidade. E eu penso que, para isso, a gente tem que ter como foco a nossa prioridade agora, que é isso, reorganizar o partido nas bases, visitar os diretórios, os presidentes e presidentas eleitas no Estado inteiro, porque o PT é isso”, disse.

Conforme apurado por O TEMPO, há reuniões em curso entre as diferentes tendências do partido em busca de um “acordo mínimo”. Contudo, o cenário ainda é incerto. Um primeiro passo em direção à unidade foi dado pela própria Dandara. Ao lado de Edinho Silva, presidente eleito para o diretório nacional do partido, ela desistiu de processos judiciais que visavam alterar a decisão da legenda, priorizando a “unidade” petista em prol da reeleição do presidente Lula.

O grupo de Dandara – que engloba lideranças como o então presidente do PT Minas, Cristiano Silveira, os deputados federais Reginaldo Lopes e Miguel Ângelo, e a prefeita de Contagem, Marília Campos, entre outros – teria atuado, inclusive, para evitar um segundo turno nas eleições internas, movimento que poderia desgastar ainda mais o partido no estado.

Nos bastidores, os discursos das lideranças ouvidas são dominados pelos termos “conversar”, “negociar” e “aguardar”. O medo principal é o reflexo da disputa em um desarranjo do diretório mineiro para 2026. Os petistas mineiros já possuem uma baixa participação no governo Lula, e o receio é que percam ainda mais poder de decisão, inclusive sobre as alianças para as eleições no estado.

“Os que disputaram comigo, que disputaram nos municípios, entendem que é fundamental que a gente discuta agora o projeto 2026, que já começou a disputa. A gente precisa superar todas as nossas diferenças para construir esse caminho da reeleição do Lula. Então, eu penso que é um bom diálogo, conversas em separado com os grupos e tendências que formam o PT, com esses que disputaram comigo, com a bancada federal, com a bancada estadual, as lideranças, a prefeita Marília, prefeita Margarida, enfim, todos aqueles que são quadros importantes para Minas Gerais”, disse Leninha.

Pensamento em 2026

Para avançar nessas negociações, o primeiro passo, segundo a nova presidente da legenda, será a realização de um Congresso do PT. O objetivo é alinhar o pensamento de todas as lideranças internas. É nesse encontro que o partido deve alinhar suas estratégias eleitorais. Leninha não esconde que o “plano A” para as alianças futuras é o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e que cabe ao PT avaliar sua integração a este projeto político. 

“O Pacheco já foi anunciado pelo presidente Lula, pra gente é um estadista importante. à altura do Juscelino Kubitschek, do próprio Tancredo Neves, nós estamos falando da prática da boa política, de pessoas que têm não só robustez, mas têm também um perfil para fazer com que Minas Gerais, de fato, também tenha um outro debate”, concluiu.