O novo sistema de transporte público da cidade de Contagem deve começar a funcionar no primeiro semestre do próximo ano. Já em agosto, uma das últimas grandes obras do projeto, o viaduto Teleféricos, será entregue para uso da população. De acordo com a prefeita Marília Campos (PT), reuniões com técnicos e representantes das empresas de ônibus estão sendo realizadas para levantar as últimas ações necessárias para colocar o SIM - Sistema Integrado de Mobilidade - em pleno funcionamento.

“Uma cidade como a nossa, que é dividida pelo sistema viário: Via Expressa, BR-381 e MG-040 —, precisa integrar. É por isso que a gente investiu muito nos viadutos, como é o caso dos Teleféricos, que vão ser inaugurados agora em agosto”, diz.

Em entrevista ao quadro Café com Política, do canal O TEMPO no YouTube, exibido nesta segunda-feira (21/7), a petista disse que o governo municipal pretende contratar uma empresa que irá gerenciar o sistema e evitar falhas que levaram à suspensão do projeto dez anos atrás, ainda durante a gestão do ex-prefeito Alex de Freitas. “É muito complexo. Tudo informatizado, tecnologia. Então, não deu certo no passado, porque o sistema não funciona só com uma estação. São dez estações, são quatro terminais — dois, inclusive, estão em execução”, conta.

“É muito importante a gente compreender que o Sistema Integrado de Mobilidade aqui de Contagem, que é o SIM. Ele tem um novo projeto, um novo formato de mobilidade que pretende integrar o sistema municipal com o sistema metropolitano, uma vez que 70% do transporte de Contagem é gerenciado pelo Estado e apenas 30% pelo município. E nós precisamos integrar, ter tarifa única para que o nosso passageiro pague menos no valor da passagem”, complementa a prefeita contagense.

Relação com governos Zema e Damião

Faltou a presença do governo Romeu Zema (Novo) no diálogo para solucionar os grandes problemas da região metropolitana, avalia Marília. “A presença do Estado foi muito insuficiente. No primeiro mandato, nenhuma articulação. No segundo mandato, nessa reta final, a gente está conversando mais”, diz. 

Essa situação estaria melhorando, mas ainda são muitos desafios, avalia Marília. “A Seinfra está mais articulada com os municípios de Contagem, Betim e também Belo Horizonte. Temos feito várias reuniões, o que possibilitou, inclusive, uma ação conjunta com o governo federal para tentarmos trazer mais uma estação do metrô para Contagem”, conclui.

Ela destacou que, com o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), as conversas têm fluído bem e garantido parcerias que beneficiarão ambas as cidades. “Com Belo Horizonte, estamos desenvolvendo uma ação junto com a Copasa para a despoluição da Lagoa da Pampulha, e essa ação tem sido muito boa. A sociedade vai começar, em breve, a ver os resultados dessa integração. Agora, estamos aprofundando a questão da mobilidade. O que falta para mim é algum instrumento que permita uma discussão mais orgânica — talvez um consórcio metropolitano ou a própria Agência Metropolitana assumir esse papel”, diz.

PEC 66 e o olhar para os municípios

A prefeita destacou que os municípios brasileiros estão com a "corda no pescoço" e que é necessária atenção dos parlamentares estaduais e federais às causas das cidades. Um dos pontos destacados por ela foi o avanço obtido com a aprovação da PEC 66, que passou pelo Congresso Nacional na última semana.

“A PEC 66 reuniu algumas dessas demandas, incluindo uma questão importante: o recurso arrecadado pela taxa de iluminação pública. Contagem tem R$ 80 milhões parados lá nessa conta. E o que a gente reivindicou é que seja utilizado parte desse recurso para outros investimentos na cidade. Então, nós queremos utilizar esse recurso, por exemplo, em vez de ser só para iluminação pública, para colocar câmeras de segurança por toda a cidade e outros investimentos”, conta.

Um dos pontos que a prefeita lamentou foi a não aprovação, junto com a PEC-66, de uma emenda que aplicava as regras da previdência também para os regimes previdenciários próprios das prefeituras. Contudo, apesar disso, ela diz que não pretende alterar as regras vigentes na cidade.

“Não pretendo fazer reforma da Previdência em Contagem. Acredito que alguns municípios sofrerão mais se não fizerem, mas aqui estamos ajustados. Eu diria que essa é uma questão estratégica e muitos deputados que defenderam o contrário à emenda da Previdência alegaram que poderia ferir a autonomia dos municípios, o que é uma inverdade, porque quando foi feita a reforma da Previdência, ainda no governo Lula lá atrás, ela foi uma regra nacional”, explica.

Ela também falou da proposta de lei encaminhada aos deputados estaduais que libera recursos “carimbados” para ações e projetos na área de saúde. “Contagem tem R$ 47 milhões guardados lá no fundo e nós precisamos de recurso para poder investir mais na saúde”, diz.