Pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, o vice-governador Mateus Simões (Novo) cobrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixe de opinar sobre a política dos Estados Unidos. A cobrança foi feita nesta quinta-feira (24/7), durante uma visita de Simões a Januária, Norte de Minas, onde apresentou um projeto de R$ 4,2 milhões para a captação de água da chuva. 

O vice-governador defendeu que as negociações para reverter a sobretaxa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre os importados do Brasil sejam tratadas só pelo Ministério das Relações Exteriores. “Deixa o povo do Itamaraty trabalhar. Para de dar opinião sobre política americana. Toma conta do Brasil, que está uma bagunça sob o governo dele e precisa de atenção”, criticou.

No último sábado (19/7), Lula chamou de “arbitrária” e “sem fundamento” a suspensão dos vistos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) anunciada pelo governo dos Estados Unidos. “A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, frisou, no X.

Sem qualquer crítica a Trump, Simões chamou a condução de Lula de “atabalhoada”. “Infelizmente, a política internacional compete só à presidência da República. Não tem nada que a gente (governo Romeu Zema) possa fazer para mudar a ideia do Trump ou a forma atabalhoada como o governo do Brasil está tratando a questão”, esquivou-se.

O pré-candidato ao governo de Minas questionou os comentários de Lula nas redes sociais sobre a tarifa. “Não adianta ficar fazendo tuíte reclamando do presidente americano. Tem que sentar na mesa e negociar as novas condições. Vou repetir o que tenho dito: Twitter (agora X) não resolve problema da realidade, nem substitui negociação diplomática”, ressaltou.

No entanto, nesta mesma quinta, no X, o subsecretário para Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, voltou a falar em “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O ministro (do STF Alexandre de) Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro”, apontou Beattie.

Simões fez as críticas enquanto Lula visitava Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, a 460 quilômetros de Januária. O presidente da República foi à cidade para anunciar R$ 1,17 bilhão de investimentos na construção de 249 escolas para comunidades indígenas e quilombolas no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Durante o seu pronunciamento em Minas Novas, Lula se disse disposto a negociar com os Estados Unidos, mas se queixou da ausência de diálogo com o país, o que só deve ocorrer com a autorização de Trump para a abertura de um canal oficial. “Se tiver de negociar, queremos negociar”, enfatizou o presidente. 

Entretanto, Lula voltou a sugerir que, se preciso for, agirá com reciprocidade contra os Estados Unidos. “Vou contar uma coisa para vocês: não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. Se ele estiver trucando, vai tomar um seis”, afirmou o presidente da República, que reiterou que Trump não é “imperador do mundo”.