O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), afirmou nesta terça-feira (8/7) que os ataques sofridos por Fuad Noman durante a campanha eleitoral do ano passado causaram grande abalo emocional ao colega de chapa. A declaração foi dada durante visita às obras da Casa da Mulher Brasileira, megaestrutura que será inaugurada no bairro União, região Nordeste da capital mineira.

O caso é alvo de denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra a chapa do deputado estadual Bruno Engler (PL), que concorreu com Fuad à prefeitura de Belo Horizonte. Também são citados na ação a candidata a vice, coronel Cláudia Romualdo (PL), e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Damião afirmou ainda não ter conhecimento da denúncia, mas relembrou o desgaste enfrentado por Fuad durante a campanha.

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“Lembro da época da eleição, e lembro que aquilo ali abalou muito o Fuad. Foi, sem dúvida, um dos momentos mais tristes que ele enfrentou, entre tantos ataques — e foram muitos”, afirmou o prefeito. “Ele e a família ficaram muito tristes. Ele ficou revoltado com toda aquela história que inventaram aos 44 do segundo tempo, tentando virar um jogo que, para ele, já estava perdido”, completou.

Denúncia do MPMG

Segundo o Ministério Público, os denunciados teriam promovido uma campanha sistemática de desinformação, atuando em duas frentes: a exploração de trechos descontextualizados de um livro de ficção escrito por Fuad e a falsa imputação de responsabilidade por suposta exposição de crianças a conteúdo impróprio em evento promovido pela prefeitura.

De acordo com o órgão, a campanha ocorreu nos últimos dias antes do segundo turno, em novembro de 2024, com uso de rádio, TV, internet e redes sociais. Um dos denunciados teria se recusado a cumprir ordem judicial para remover o conteúdo, incorrendo também em crime de desobediência.

A denúncia ressalta que a Justiça Eleitoral já havia reconhecido a ilicitude das ações durante o período eleitoral, com decisões que interromperam a divulgação do conteúdo e concederam direito de resposta à campanha de Fuad. O Ministério Público afirma que a responsabilização criminal segue válida, mesmo diante das sanções eleitorais já aplicadas.

Debate e embate

Um dos momentos mais tensos da campanha ocorreu em debate promovido por uma igreja evangélica, em outubro de 2024. Na ocasião, Bruno Engler acusou Fuad de descrever cenas de estupro de menor em seu livro. O então prefeito rebateu afirmando que se tratava de obra de ficção e criticou o uso político do tema. “Vamos discutir literatura? Então vamos chamar Nelson Rodrigues, Bocage, Jorge Amado”, respondeu.

Depoimentos e responsabilização

A viúva de Fuad, Mônica Drumond Lage Noman, e os filhos Paulo Henrique e Gustavo Noman foram incluídos como testemunhas de acusação. Segundo o MP, eles devem apresentar provas dos danos emocionais causados à família pelas acusações.

Os denunciados terão dez dias para responder às acusações. Caso condenados, poderão ter os direitos políticos suspensos. A família de Fuad já manifestou que, se houver condenação com indenização, o valor deverá ser destinado a instituições de caridade.

Acordo com suplente

Em desdobramento relacionado ao caso, o MPMG firmou Acordo de Não Persecução Penal com um suplente de vereador que compartilhou conteúdo semelhante nas redes sociais. O político, que não teve o nome revelado, confessou os crimes eleitorais e se comprometeu a não disputar cargos em 2026, além de pagar R$ 31,5 mil em danos morais a uma entidade social e publicar retratação pública em seu Instagram.

Outro lado

A reportagem procurou Bruno Engler, coronel Cláudia Romualdo e Nikolas Ferreira para comentarem as acusações, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.