O apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à eventual candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo de Minas Gerais em 2026 não está condicionado à presença do PT na chapa. O TEMPO apurou que o ex-presidente do Congresso Nacional já sinalizou a aliados que o partido pode ficar fora da composição caso ele seja candidato.

Pacheco já teria citado a hipótese a Lula e o presidente da República não teria feito objeções, ou seja, exigido espaço para o PT como moeda de troca ao apoio à candidatura do senador. A intenção do ex-presidente do Congresso seria encabeçar uma chapa ao centro, como fez o ex-prefeito Fuad Noman (1947-2025) ao se candidatar à Prefeitura de Belo Horizonte em 2024.

A rejeição do eleitor de Minas Gerais ao PT desde o fim do governo Fernando Pimentel, que sequer foi ao 2º turno ao se candidatar à reeleição em 2018, pesa para a hipótese considerada por Pacheco. Interlocutores do ex-presidente do Congresso observam que o próprio Lula sabe das “limitações do PT no Estado, onde não é competitivo”.

Uma pessoa próxima a Pacheco citou a resistência ao PT no Triângulo e no Sul de Minas, reduto eleitoral do senador, que foi criado em Passos. Com o ex-deputado estadual André Quintão (PT) como vice, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, então filiado ao PSD, teve apenas 26% dos votos válidos no Triângulo e 22% no Sul na campanha de 2022.

Alguns interlocutores de Pacheco até admitem como “ideal” para o senador que o PT lance uma candidatura própria, pois desvincularia a imagem do senador da esquerda. O exemplo citado foi a eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte em 2020, quando o ex-secretário especial dos Direitos Humanos Nilmário Miranda foi candidato e teve menos de 2% dos votos válidos. 

Entretanto, Pacheco daria palanque a Lula em Minas caso o partido não lance uma candidatura própria ao governo do Estado. O entorno do ex-presidente do Congresso argumenta que “ter o apoio de Lula é diferente de ser um candidato de esquerda”.         

Sem o PT, dizem pessoas próximas a Pacheco, a chapa teria espaço para atrair partidos do centro e da centro-direita, como a federação União Brasil-PP. A estratégia é calculada para desidratar a candidatura do vice-governador Mateus Simões (Novo). Filiado ao PP, o secretário de Estado de Governo, Marcelo Aro, é pré-candidato ao Senado na chapa encabeçada por Simões

Uma das vagas na chapa poderia ser oferecida ao próprio PSD caso Pacheco vá para o União Brasil ou para o MDB, hipótese tratada nos bastidores como a mais provável hoje. A articulação amarraria o partido e evitaria uma possível filiação de Simões. Há 15 dias, o vice-governador disse que quer ser “o primeiro a conversar” com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, se o senador sair.

Interlocutores do governo Romeu Zema (Novo), por outro lado, minimizam os planos de Pacheco em atrair o União Brasil para uma eventual chapa. Uma das alternativas sobre a mesa de Simões seria se filiar ao partido, já que, segundo auxiliares do Palácio Tiradentes, a federação partidária dá prioridade a candidatos à reeleição, como será o seu caso em 2026 com a renúncia de Zema.

Procurado, Pacheco afirmou que não tem “receio algum” de um possível apoio do PT em 2026. “Apoio não se dispensa e algo importante nos une: a reeleição do presidente Lula, a defesa da democracia e o desejo de melhorar a vida dos mais pobres”, disse o senador, admitindo, pela primeira vez, a hipótese de uma candidatura.

O ex-presidente do Congresso ainda pontuou que o PT “contribuiria muito” para o projeto eleitoral de qualquer candidato. “O PT de Minas Gerais já demonstrou, por diversas vezes, apreço a uma possível candidatura minha. O partido possui quadros extraordinários, inclusive para liderar uma chapa. Sou grato por essas manifestações”, ressaltou ele. 

Apesar de ter adotado um tom eleitoral ao discursar ao lado de Lula em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, no último mês, Pacheco ainda está reticente quanto a uma candidatura, o que é atribuído por aliados aos rumos do PSD. Kassab já reiterou que apoiará o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso ele concorra ao Palácio do Planalto. 

Caso Tarcísio se candidate, aliados do ex-presidente do Congresso Nacional ponderam que é preciso saber se Kassab liberaria o partido a construir as próprias alianças ou, então, se as alianças estaduais seriam amarradas à nacional. A tendência é que Pacheco decida se será candidato quando o posicionamento de seu partido for definido.

Pacheco reiterou que ainda não há nada decidido sobre uma  candidatura ao governo de Minas em 2026. “Lembrando que não há absolutamente nada ainda definido com relação à candidatura e a possíveis coligações. Haverá um momento certo para essa discussão e os partidos definirão seus rumos”, concluiu o ex-presidente do Congresso. 

Também procurado, o presidente estadual do PT, Cristiano Silveira, não atendeu às tentativas de contato até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.