A disposição de pré-candidaturas para o governo de Minas Gerais em 2025 tem pontos em comum com as ventiladas no estado em 2021, a um ano das eleições. Àquela época, já era certo, por exemplo, que o Novo concorreria com Romeu Zema, que tinha direito à reeleição. Em 2025 é certo também que a legenda terá candidato, o vice-governador Mateus Simões. O PSD, ao menos até o momento, também trilha o mesmo caminho que em 2021. Há quatro anos, o partido discutia lançar na disputa o então prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (sem partido), que praticamente só confirmou que seria candidato ao se desincompatibilizar do cargo em março de 2022.

Em 2025, o nome do PSD colocado para o Palácio Tiradentes é o do senador Rodrigo Pacheco, que não precisa se desincompatibilizar do cargo para disputar eleição, mas faz mistério sobre entrar ou não na corrida pela sucessão de Zema. O mandato do parlamentar se encerra em 2026. O PT é outra sigla que trilha em 2025 caminho parecido ao de 2021. Assim como naquele ano, a tendência é a sigla apoiar um candidato do PSD. Em 2022, André Quintão (PT) foi vice de Alexandre Kalil.

Já entre os pontos divergentes na comparação entre 2021 e 2025, o PL não cogitava, há quatro anos, um nome específico para brigar pelo governo do estado. Ao final, o senador Carlos Viana, que era filiado ao partido, mas que hoje faz parte dos quadros do Podemos, foi colocado na disputa. Hoje, o PL tem como possível candidato ao governo o deputado federal Nikolas Ferreira. A legenda, porém, ainda discute sobre colocar o parlamentar na corrida pelo Palácio Tiradentes ou na reeleição para vaga na Câmara.

Também destoa em 2025, na comparação com 2021, o momento vivido pelo Republicanos. Em 2022, o partido indicou um filiado, Coronel Wanderley, como vice de Carlos Viana. Para 2026, porém, a legenda poderá ter uma cabeça de chapa na eleição para o governo, o senador Cleitinho. A eleição no ano que vem acontece em 4 de outubro. A campanha começa em agosto, em data ainda a ser definida.

Prestação de contas e transparência

Sobre a demora no início do envio dos dados da arrecadação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por parte de alguns partidos, especialistas avaliam que é a “mania de deixar para a última hora” e, também, falta de equipe para reunir os dados. Na avaliação do advogado Lucas Neves, especialista em direito eleitoral, o envio mais rápido das informações ao TSE contribuiria para a transparência nas contas das legendas. Segundo o advogado, assim como ocorre muitas vezes com a população em geral, políticos também costumam deixar obrigações para a última hora, o que pode acarretar problemas. “Além da questão da transparência, ocorre que as prestações de contas (dos partidos) feitas na última hora costumam apresentar irregularidades e inconsistências”, declara. O especialista lembra ainda que, comprovadas inconsistências, os partidos ficam impedidos de receber os recursos dos fundos públicos.

O professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Moacir de Freitas Júnior afirma que a demora no envio das informações pode ocorrer por causa da falta de equipe. “Em geral, inclusive, as seções municipais, e mesmo estaduais, são muito precárias, sem sede e sem os funcionários e profissionais necessários para manter em dia as prestações de contas”, aponta. Freitas cita a forma de distribuição do dinheiro dos fundos como fator que pode contribuir para a demora no repasse dos dados ao TSE. “Os recursos são recebidos pelos diretórios nacionais, e cada partido tem as próprias regras de distribuição. Tudo isso pesa na hora de organizar as contas e receber os recursos”, avalia.

Partidos alegam usar o prazo legal

Alguns dirigentes partidários afirmam que os repasses aos diretórios estão ocorrendo, só não foram enviados ao TSE. Eles justificam que pretendem usar o prazo legal (junho de 2026). Segundo o presidente do Novo no estado, Christopher Laguna, o partido, até o momento, vem sobrevivendo de doações. “O Novo se mantém principalmente por meio da contribuição voluntária de pessoas físicas que acreditam nos nossos ideais e desejam colaborar com o crescimento do partido”, explicou, em nota. Há, conforme Laguna, doações de filiados. O presidente do PL em Minas, deputado federal Domingos Sávio, informou que a maior parte das despesas é paga com recursos do Fundo Partidário e que os repasses estão ocorrendo, mas o partido não faz prestação parcial. “Nossa contabilidade está rigorosamente em dia. Só iremos prestar contas no ano que vem, conforme a legislação”, esclareceu. Em nota, o PT de Minas afirmou receber regularmente os repasses e frisou a data-limite para a entrega. “O partido político, em todas as esferas de direção, deve apresentar a sua prestação de contas à Justiça Eleitoral anualmente até 30 de junho do ano subsequente".