Eleitores de Minas Gerais interessados em acompanhar a arrecadação de recursos de seu partido em 2025 poderão ficar sem conseguir acessar os dados totais ao longo deste ano. E não vai ser por problemas no computador ou na internet. De 18 legendas com diretórios no estado, apenas cinco já começaram a informar os valores recebidos em 2025 ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que disponibiliza as informações em seu site. Os 13 restantes não abriram a prestação de contas ou fizeram o procedimento, mas não mandaram dados para a Corte.
O levantamento feito pela reportagem levou em consideração partidos com diretórios em Minas e representatividade na Câmara dos Deputados. O prazo fixado em lei para encerrar a prestação de contas é junho do ano subsequente (2026), portanto, a dez meses do encerramento do prazo, a maior parte das legendas indica preferir protelar o início da prestação de contas à Justiça Eleitoral. Questionados, dirigentes partidários citam que estão no prazo previsto em lei. Já especialistas falam da necessidade de ter mais zelo com a transparência, para que o eleitor tenha mais tempo de acompanhar a arrecadação.
Entre os partidos do estado que não abriram a prestação de contas estão o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já em meio às que oficializaram a abertura da prestação, mas ainda não iniciaram o envio de dados, está o Novo, do governador Romeu Zema. As siglas que optaram por começar a comunicação dos dados ao TSE são Republicanos, PP, Avante, MDB e PSD.
Fontes
O financiamento de partidos no Brasil ocorre por doações de pessoas físicas e recursos públicos repassados via Fundo Partidário, usado para pagamento de folha de pessoal e custeio das siglas, e o Fundo Eleitoral, utilizado nas campanhas e que só é repassado às legendas nos anos em que há pleito, conforme determinado em lei.
Se levados em conta os dados financeiros dos 18 partidos registrados no TSE, considerando os números informados entre janeiro deste ano e o último dia 19, e comparando-os com igual período de 2021, também ano pré-eleitoral, a arrecadação de recursos pelas siglas no estado teve queda de 280,65%, – de R$ 11.446.829,02 para R$ 3.007.178,38. Neste cenário, entre partidos que não abriram a prestação de contas ou abriram, mas não enviaram dados, a arrecadação foi considerada zero.
Com essa sistemática, dos 18 partidos, 13 registraram queda no caixa, conforme as informações até agora. No grupo estão PT, PL e PSD – este último tem a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa, com dez deputados. As legendas com mais parlamentares na Casa são PT e PL, com 11 cada.
4 legendas tiveram alta este ano
Quatro partidos tiveram alta na arrecadação, conforme os dados informados até 19 de agosto, ante o mesmo período de 2021: Republicanos, PP, Avante e MDB. Como o prazo de informação ao TSE é junho do ano que vem, esse cenário pode mudar. Em 2025, assim como foi em 2022, as eleições serão para presidente da República, governadores e deputados federais e estaduais. Haverá ainda escolha de dois ocupantes de vagas no Senado por estado. A eleição, neste caso, é alternada. Em 2022, estava em disputa uma vaga para a Casa.
O PT, com base na sistemática adotada sobre os dados divulgados até então, é o partido que registrou a maior queda de recursos em Minas. Até 19 de agosto de 2021, a legenda havia recebido R$ 2.348.272,96. No mesmo período de 2025, nada foi repassado ao partido, conforme os dados informados. A receita da sigla nos oito meses de 2021, em sua maior parte, foi originada de repasses do diretório nacional. Pelos comandos das legendas no plano federal chegam os recursos do Fundo Partidário. O Novo ficou em segundo lugar entre os partidos no estado com a maior queda de arrecadação. Entre janeiro e agosto de 2021, a legenda havia registrado em Minas a entrada de R$ 2,152 milhões, diante de nenhum repasse até o presente momento em 2025. A maior parte saiu de doações de pessoas físicas. À época, seguindo definição de seu estatuto, a sigla não utilizava recursos públicos. Em 2024, a decisão foi revista. Em seguida vem o PSD, que no período colocado sob análise, em 2021, havia arrecadado R$ 1,9 milhão, ante receita de R$ 5.635,44 no mesmo intervalo de 2025. A maior parte do dinheiro saiu da direção nacional. O PL, que tinha informado entrada de R$ 183,9 mil de janeiro a agosto de 2021, assim como o PT e o Novo, não computou repasses no mesmo período de 2025. O dinheiro que chegou em 2021 partiu, em sua maior parte, da direção nacional.