O governador Romeu Zema (Novo) defende a privatização das estatais mineiras, como a Cemig e a Copasa, e aponta os deputados e o "establishment" político de Minas Gerais como responsáveis pelos obstáculos enfrentados nesse processo. “Em Minas, nós temos por parte da classe política - uma grande parte dela - um apego a essas empresas que sempre serviram para atender interesses eleitoreiros”, argumentou.

Durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura,  nesta segunda-feira (25/8), Zema comparou sua experiência com a de outros governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (SP) e Ratinho Junior (PR). Ele foi questionado pela demora em privatizar estatais, quando comparado aos demais estados. O governador mineiro lembrou de sua inexperiência com a política e justificou com as dificuldades enfrentadas em seu primeiro mandato.

“Diferente deles, eu sou de fora da política e me parece que acabo incomodando mais o establishment político do que eles. No primeiro turno em 2018 eu passei sem nenhum prefeito me apoiando. Parece que esse fato de alguém que não é da política entrar na política causa um mal estar muito grande. Ainda percebo isso, mas já diminuiu ao longo do tempo. Na primeira gestão tivemos uma dificuldade com a Assembleia Legislativa, que já está superada, mas ainda assim ninguém nunca vendeu tantas estatais quanto nós vendemos”, disse.

Em relação a Cemig e Copasa, especificamente, que ainda não foram privatizadas, o governador destacou a dificuldade com o mundo político. 

“Eu falei aqui da energia fotovoltaica que cresceu muito em nosso governo. O principal motivo para esse investimento é que antes a Cemig só dava autorização para quem era amigo do rei e esse amigo do rei não fazia o investimento e saia negociando essa autorização no mercado. Quando assumi, pedi o mapa de Minas com todos os locais onde é possível fazer conexões para construir usinas fotovoltaicas e aí não precisava mais de algum político intermediando. Estou confiante que com o Propag, muito do que não foi feito nessas privatizações será feito”, destacou.

Ele afirmou que pretende dialogar com a Assembleia para aprovar projetos de lei que facilitem as privatizações, especialmente eliminando a exigência de referendo popular prévio.

Pré-candidatura de Zema

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi oficialmente lançado como pré-candidato à Presidência da República em evento nacional do Partido Novo, no início de agosto (16/8). O anúncio foi feito em São Paulo, em evento com a presença das principais lideranças do partido.

A entrevista ao Roda Viva, na noite desta segunda-feira (25/8), faz parte da estratégia adotada pelos marqueteiros do governador mineiro para nacionalizar o nome de Zema e torná-lo mais conhecido em outras regiões do país.

A candidatura de Zema busca consolidar uma base de direita, incluindo apoiadores de Jair Bolsonaro, que atualmente está inelegível. Ele é um defensor da ideia de que os partidos de direita devem lançar diversas candidaturas no primeiro turno para conseguir uma base consistente e capaz de fazer frente ao presidente Lula (PT), que pode disputar a reeleição, em um eventual segundo turno.