A filiação do vice-governador Mateus Simões (Novo) ao PSD, de Gilberto Kassab, é uma possibilidade ainda distante, avaliam interlocutores das legendas. Uma das dificuldades estaria na força que o senador Rodrigo Pacheco tem na legenda. A avaliação é que Pacheco só sai do partido se quiser e, até o momento, ele não teria essa intenção.

Um exemplo citado de “trunfo” que garantiria a Pacheco condições privilegiadas para negociar sua permanência ou não na legenda é a lista de prefeitos e lideranças regionais que receberam apoio em campanhas passadas e que hoje mantêm lealdade ao senador. Se ele saísse do partido, poderia levar esse grupo leal para sua nova legenda, diminuindo a presença do PSD no interior. 

Oficialmente, tanto o PSD quanto o Partido Novo negam que exista qualquer negociação em curso. O assunto tem sido frequente nos bastidores políticos, porém ganhou força, nesta segunda-feira (25/8), quando o próprio governador Romeu Zema (Novo) admitiu, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que existem conversas para que o vice-governador troque de legenda. Zema ainda previu que uma definição deve ocorrer em breve.

“O ideal é ter apoio de partidos maiores. Eu reconheço que o Partido Novo é um partido pequeno; tem chances de ganhar, mas é mais difícil. Existe essa possibilidade (Simões ir para o PSD), que depende dele, do Partido Novo e do PSD”, disse Zema, acrescentando que a definição poderia ocorrer em alguns dias e reconhecendo que as conversas precisam envolver Pacheco.

A previsão de Zema fez com que as especulações de bastidores estabelecessem até uma data para efetivar a filiação de Simões ao PSD: 15 de setembro; data em que o presidente nacional da legenda estará em Minas Gerais para participar de encontro com lideranças. O partido, no entanto, não admite esta informação.

Decisões

É Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda quem deve dar a palavra final nas negociações. Segundo lideranças da legenda ele deve considerar as estratégias nacionais do partido, além de ouvir a opinião de dirigentes, como os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM), que são próximos de Rodrigo Pacheco. 

Nesta balança, o futuro do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), será fundamental. Se o paulista decidir que não será candidato a presidente da República, a legenda deve liberar os diretórios estaduais, o que aumentaria a força de Pacheco. Caso contrário, as negociações devem se prolongar até uma definição sobre as alianças da legenda na disputa presidencial.

PSD em Minas

O partido faz parte da base de apoio do governo Lula (PT) e o petista já disse que quer Pacheco como seu candidato ao governo de Minas Gerais. Contudo, o partido faz parte também da base de apoio do governo Zema na Assembleia Legislativa e tem o deputado Cássio Soares, presidente da legenda no estado, entre os líderes mais próximos ao governador no parlamento. 

Simões foi escolhido pelo governador Romeu Zema (Novo) como seu sucessor na administração estadual. Mas ainda busca alianças e estrutura partidária para efetivar seu nome. O PSD seria uma alternativa viável para alcançar estes objetivos. Mas ele só irá para a legenda se Rodrigo Pacheco, que tem prioridade na disputa, decidir que não irá se candidatar.

Existem pressões tanto de partidos aliados ao governo federal quanto de integrantes do próprio PSD para que o senador Rodrigo Pacheco defina rapidamente se será ou não candidato. Mas ele ainda não se posicionou e não demonstra pressa para definir a situação.

Impactos no Novo

As falas de Zema também movimentaram os bastidores do Novo. A legenda, que comanda apenas Minas Gerais, poderia perder seu principal candidato no estado. Representantes do partido temem que a saída de Simões dificulte a formação da chapa de deputados estaduais e federais, já em planejamento. A direção do partido, no entanto, descarta essa possibilidade.

Christopher Laguna, presidente do diretório mineiro do Novo, minimizou eventuais perdas. Ele admitiu que há convites em andamento, mas reforçou que a expectativa é pela continuidade de Simões no partido. “Em 2022, também viviam dizendo que o Zema deixaria a legenda para se filiar ao PL. Isso não aconteceu. O que temos até agora são apenas convites”, destacou.