O deputado federal Junio Amaral (PL-MG) acusou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de agir movido por interesses pessoais ao declarar que não vai pautar o projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8/1. Em entrevista ao Café com Política, do canal de O TEMPO no YouTube, disponibilizada nesta terça-feira (26/8), Amaral afirmou que Motta “está do lado dele próprio” e que sua postura é influenciada por temor de retaliações do Supremo Tribunal Federal (STF).

Amaral alegou que Motta sinalizou que pautaria a anistia antes de acontecer operação da Polícia Federal em Patos, no sertão da Paraíba, cidade na qual o pai do presidente da Câmara, Nabor Wanderley (Republicanos), é prefeito. “Hugo Motta está do lado dele próprio. Ele começa a sinalizar que vai pautar a anistia, que é um clamor das ruas, e vê operação da PF contra ele. Isso é um recado,” declarou. 

Segundo Amaral, a obstrução física à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, ocorrida nos dias 5 e 6 de agosto,  teria sido uma reação à postura de Motta. “O PL vem sendo desprezado pelo presidente Hugo Motta na sua principal pauta. Então, houve primeiro um desrespeito do presidente da Câmara para, depois, sim, haver uma reação física da obstrução”.

'Anistia ampla, geral e irrestrita' 


Para o deputado, a ‘anistia light’, proposta defendida por parte do centrão e de setores moderados da oposição que prevê a concessão de perdão apenas a pessoas envolvidas nos atos de 8/1 que não tenham praticado violência, vandalismo ou invasão de prédios públicos, não é uma opção. O parlamentar argumentou que a única forma de corrigir o que considera uma “perseguição política” contra os manifestantes é por meio de uma anistia ampla. 

“Eu não defendo. Eu não defendi inicialmente que não houvesse punição para ninguém. Mas em um processo todo contaminado, com características evidentes de perseguição política, só tem o caminho da anistia ampla, geral e irrestrita, que é o que prevê a Constituição”, declarou. 

O parlamentar não detalhou quais serão os próximos passos da oposição, mas afirmou que novas ações já estão sendo discutidas nos bastidores da Câmara e que o grupo está disposto a endurecer ainda mais a atuação em prol da anistia. 


“A gente faz o esforço que for necessário, inclusive correndo risco de perder o próprio mandato, como foi a primeira obstrução na mesa diretora. E se for necessário fazer coisas acima disso, em níveis acima disso, nós vamos fazer.”, afirmou.


Segundo ele, o movimento pode ocorrer até mesmo antes do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, previsto para 2/9, a depender da "temperatura política" nas próximas semanas.


Eduardo Bolsonaro como 'porta-voz' da ‘causa bolsonarista’

Na entrevista, Junio Amaral também saiu em defesa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem atuado nos Estados Unidos buscando apoio internacional contra o que a oposição chama de “perseguições políticas” no Brasil. O deputado mineiro negou que Eduardo tenha pedido sanções contra o país.

“O que Eduardo sempre buscou foram sanções direcionadas aos descumpridores de normas, aos violadores de direitos humanos, como e principalmente o Ministro Alexandre de Moraes”, disse.

O deputado mineiro também avaliou que, caso Jair Bolsonaro permaneça inelegível, Eduardo é hoje o nome mais preparado para liderar o campo bolsonarista na eleição presidencial de 2026. “Ele é um porta-voz da nossa causa”, disse.

Embora tenha mencionado que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também poderia representar o grupo, devido ao seu “histórico de dedicação ideológica”, Amaral declarou que sua preferência é por Eduardo.