A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT) se reuniu, nesta quarta-feira (6/8), com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). Ela pediu medidas de apoio do governo brasileiro às empresas impactadas pelo “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos a produtos nacionais. O encontro, articulado pela própria Marília, contou com a participação de outros representantes da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP).
Contagem tem 42% de suas exportações voltadas ao mercado norte-americano e movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão em vendas aos EUA no último ano. Segundo a prefeita, parte significativa dessa produção ainda não foi contemplada por isenções ou reduções tarifárias. “Na cidade de Contagem, 18% da produção de exportação ainda não foi beneficiada com as isenções e diminuição das taxações anunciadas pelo governo Trump. Isso preocupa pelos empregos, pela produção e também pela arrecadação”, afirmou.
A pauta levada à Brasília inclui reivindicações como compensação financeira aos municípios por eventuais perdas de arrecadação, estímulo à diversificação produtiva, ampliação dos prazos de crédito rural por bancos públicos e a criação de mecanismos emergenciais de proteção ao emprego, nos moldes dos adotados durante a pandemia de COVID-19.
Marília também propõe que o governo federal adote estratégias para reduzir a dependência do mercado norte-americano. “É preciso encontrar soluções para o comércio com os EUA, mas também saber quais são as alternativas internas. O que o Brasil pode fazer para que o mercado interno absorva a produção industrial brasileira ou que sejam buscados novos países para exportação?”, questionou.
A prefeita tratou do tema durante a abertura dos trabalhos legislativos na Câmara Municipal de Contagem, na terça-feira (5/8). Segundo ela, empresas da cidade já avaliam medidas como férias coletivas e busca por novos mercados, diante da incerteza provocada pelo tarifaço. “Todas têm a esperança de reversão do cenário, mas ninguém paga para ver. Algumas já começaram a se preparar para reduzir o ritmo de produção”, alertou.
Dados recentes da Amcham-Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) indicam que cerca de 10 mil empresas brasileiras serão afetadas pela nova política tarifária dos Estados Unidos, com impacto direto sobre mais de 3 milhões de empregos.
A FNP também articula canais de diálogo com a United States Conference of Mayors (USCM), entidade que representa prefeitos norte-americanos. A ideia é pressionar os governos dos EUA e do Brasil pela manutenção dos canais de negociação abertos. A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), secretária-geral da FNP, destacou “a importância de abrir um canal de diálogo com a entidade parceira da FNP nos EUA, a USCM, para enfrentar esse desafio”.