As vítimas da tragédia de Mariana, ocorrida em 2015, com o rompimento da barragem de Fundão, foram surpreendidas com uma mudança no comando do escritório Pogust Goodhead, responsável pela ação movida na justiça da Inglaterra contra as empresas Vale e BHP Billiton, controladoras da Samarco, responsável pela barragem. A alteração ocorre no momento em que o processo movido na Justiça inglesa se aproxima de uma fase decisiva.
Até então CEO da firma e principal rosto da ação internacional, Tom Goodhead passará a dividir o comando da empresa com três novos integrantes do conselho administrativo: Howard Morris, ex-CEO do escritório Dentons; Joseph Moreno, ex-sócio global de litígios do Cadwalader; e Alicia Alinia, que já ocupava um cargo na diretoria executiva do Pogust Goodhead há quase quatro anos.
A princípio, a mudança de comando não impacta os clientes nem os processos em andamento, conforme nota oficial da empresa. Só no caso de Mariana, o Pogust Goodhead representa cerca de 620 mil vítimas da tragédia de Mariana e quase 30 municípios atingidos. A sentença final da ação está prevista para ser publicada em outubro de 2026; o valor solicitado como indenização chega a quase R$ 260 bilhões, acima dos R$ 130 bilhões firmados pelas mineradoras Vale e BHP, proprietárias da Samarco, com o poder público brasileiro.
A reformulação foi revelada inicialmente pelo jornal britânico Financial Times, que atribuiu as mudanças às tensões entre Tom Goodhead e fundos de investimento que financiam o escritório. A empresa, no entanto, nega que haja conflito com os investidores.
“O apoio de financiadores segue sólido, refletindo sua confiança nas ações judiciais em curso. Esse respaldo assegura os recursos necessários para continuidade dos processos e fortalece a busca contínua por justiça”, afirma o escritório em nota.
Segundo o comunicado, os novos conselheiros trarão “experiência jurídica, regulatória e em gestão empresarial”, o que deve reforçar a atuação da firma nos litígios de grande escala.
Além do caso de Mariana, o Pogust Goodhead lidera outras ações coletivas, incluindo processos relacionados ao escândalo "Dieselgate", em que 13 montadoras são acusadas de fraudar testes de emissões de poluentes em veículos a diesel. O julgamento desse caso está previsto para outubro de 2025. “Este promete ser um ano de grandes conquistas para o escritório e seus clientes, com avanços significativos nos principais processos da firma”, destacou a nota.
Novo Acordo de Mariana
Em 1º de agosto. a mineradora Samarco reabriu o Programa Indenizatório Definitivo (PID) aos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, após pedido do Ministério Público Federal, dos ministérios públicos estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, da Defensoria Pública da União e das defensorias públicas estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo. A plataforma ficará disponível a partir desta sexta-feira (1º de agosto) até o dia 14 de setembro. Os critérios de elegibilidade permanecem os mesmos e são indicados no canal.
A medida permitirá que pessoas elegíveis, que ainda não tenham ingressado anteriormente, possam solicitar a indenização individual de forma simplificada. Além disso, quem recusou ou não respondeu dentro do prazo informado terá uma nova oportunidade de assinar o Termo de Quitação e receber a indenização. Neste caso, o prazo não será iniciado imediatamente. O Defensor Público ou advogado particular receberá uma notificação via sistema, indicando o início do prazo de 15 dias para o aceite da proposta.
Quem aderir ao PDI do acordo de Mariana, tem que abrir mão da ação movida na justiça inglesa.