Anistiar os envolvidos nos ataques do 8/1 abre brechas para que as próximas eleições no Brasil sejam contestadas e que os perdedores se sintam "no direito de organizar um golpe". Esta é a avaliação do presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, em entrevista ao programa Café com Política, exibida nesta segunda-feira (8/9), no canal do O TEMPO no YouTube.

A fala do dirigente nacional foi feita às vésperas das manifestações do 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil, quando Edinho esteve em Belo Horizonte para participar da posse da nova presidente estadual do partido, Leninha Alves. Edinho disse que convocou os estados brasileiros a participarem do ato, que neste ano teve como mote “Brasil soberano” e, em BH, se somou ao  ‘Grito dos Excluídos’, que partiu da Praça Raul Soares, no centro. 

“Nós entendemos que o Brasil é um país soberano, formado por um povo soberano. Portanto, não podemos admitir nenhum tipo de interferência externa, nenhuma medida autoritária que interfira nas nossas instituições, que nós construímos a nossa independência com tanto sacrifício, passando inclusive por regimes autoritários, construímos a nossa democracia com tanto sacrifício”, disse.

A declaração do presidente do PT faz frente a medidas como o ‘tarifaço’ de Donald Trump. A medida foi implementada por carta que cita uma motivação econômica equivocada conforme já demonstrado por O TEMPO - de que os EUA teriam déficit com o Brasil - e frustrações políticas. Trump afirma que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma “caça às bruxas” e que o Brasil teria "centenas de ordens secretas" que censurariam a liberdade de expressão dos norte-americanos.

Sobre o julgamento do ex-presidente e mais sete aliados do núcleo 1 da trama golpista, Silva destacou: “Se alguém tentou organizar um golpe, que responda por isso; se alguém organizou assassinatos, também que responda por isso. Então, não tem sentido nós estarmos debatendo a anistia diante de fatos tão graves que o Brasil enfrentou, que precisam ser apurados. Os responsáveis têm que ter o direito de defesa, mas precisam, após o contraditório, aqueles que forem responsabilizados, precisam pagar pelos seus crimes.”

Bandeiras do 7 de Setembro

Além da defesa da democracia e da soberania nacional, outras pautas marcaram o ato da esquerda no 7 de Setembro, segundo Edinho Silva.  Diminuição da carga tributária e renúncias fiscais foram algumas das temáticas debatidas na manifestação. 

“É inaceitável que o Brasil conviva com uma renúncia fiscal de R$ 860 bilhões. Setores da economia que deveriam pagar impostos e não pagam. Uma desoneração sem sentido, que torna o Brasil um país de privilegiados, onde quem deveria pagar impostos não paga. E aqueles que deveriam ter sua carga tributária diminuída, infelizmente não têm.”