Um dos autores mais lidos nos últimos anos no país, Morais acompanha o ex-presidente Lula desde 2011. Seu próximo livro, que pretende lançar ainda neste ano, será sobre a trajetória do líder petista de 1980 a 2010.
Pela primeira vez, o ex-presidente Lula é alvo de investigações por envolvimento em esquemas de corrupção. Na sua avaliação, por que só agora essas denúncias estão surgindo contra ele?
Lula não está nem nunca esteve envolvido em esquemas de corrupção. Ele, Dilma e o PT apenas são os alvos visíveis. O que se teme é o novo projeto de nação que vem sendo implantado há 13 anos no Brasil. O que está acontecendo é que a elite que dominou esse país durante meio milênio tem medo da continuidade e da consolidação desse projeto que, entre outras virtudes, tirou 40 milhões de brasileiros da miséria, que fez uma revolução sem dar um tiro. É disso que eles têm medo.
O senhor acredita que exista um movimento instalado para derrubar o PT? Quem seriam os responsáveis?
Acredito, sem nenhuma sombra de dúvida. Setores do Ministério Público, do Judiciário e da Polícia Federal têm agido impunemente de forma política, partidária e eleitoral para tentar minar o projeto instalado no Brasil pelo PT – partido ao qual, que fique claro, não sou filiado. Um olhar mais atento, porém, mostra que os interesses e os personagens que estão na margem direita desse rio são velhos conhecidos dos brasileiros. São os mesmos que levaram Getúlio (Vargas) ao suicídio, em 1954, que tentaram impedir a posse de JK (Juscelino Kubitschek), que tentaram derrubá-lo com os frustrados golpes militares de Aragarças e Jacareacanga, que tentaram impedir a posse de Jango (João Goulart) e depois o derrubaram em 1964. Nada disso, no entanto, seria possível se os golpistas de hoje não tivessem à sua disposição a maior parte dos grandes órgão de imprensa do país. Mas as coisas mudaram (com a internet). Agora eles mentem à noite na televisão, e nós desmentimos de dia. Acabou a moleza.
Durante seus mandatos, Lula foi considerado o responsável por importantes conquistas sociais do país, como distribuição de renda, expansão da economia, situações que o colocaram como um dos maiores líderes do mundo. Acha que essas denúncias comprometem o legado do ex-presidente?
A resposta a essa pergunta quem deu foi o próprio Lula, na festa-comício do aniversário do PT, no Rio. A declaração dele não deixa margem a dúvidas: “Em 2018, eu estarei com 72 anos. Mas se eu perceber que nosso projeto de Brasil está ameaçado, serei candidato à Presidência da República com o tesão de um jovem de 30 anos!”.
Por causa dessas denúncias, pesquisas recentes mostraram que a popularidade do ex-presidente Lula está em baixa. Pelo que o senhor tem acompanhado, isso o abalou ou, como ele demonstrou no Rio, lhe deu mais determinação para voltar ao cargo em 2018?
Se agora, debaixo de um tiroteio jamais visto na história da nossa imprensa, as pesquisas dizem que Lula estaria seguramente no segundo turno, imagine o que vai acontecer daqui a dois anos. Se Lula não tivesse chances de se eleger presidente em 2018, ninguém se importaria com ele, nem estariam vasculhando sua vida e a de seus familiares.
Essa trajetória de Lula pode ser comparada a de algum outro estadista?
Getúlio Vargas, talvez. Mas isso quem vai dizer serão os seus e os meus netos.
Sobre o livro, o senhor poderia dizer desde quando está acompanhando Lula e até quando o acompanhará?
Estou acompanhando o ex-presidente Lula desde 2011. Rodei o Brasil e rodei o mundo no calcanhar dele. Não será uma biografia, mas um recorte da vida dele que vai de sua prisão, em abril de 1980, até o encerramento de seu segundo mandato, em 2010.
Quando será o lançamento?
Livro a gente sabe quando começa, mas nunca sabe quando termina. Mas como Deus é pai, e o sangue de Jesus tem poder, espero publicá-lo ainda em 2016.