Na última sexta-feira (13) o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PSD) e o pré-candidato a governador, Alexandre Kalil (PSD), tomaram café da manhã com Lula (PT) na casa do ex-presidente em São Paulo. Também estiveram presentes o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
A pauta: encontrar uma forma de avançar nas negociações para formar o palanque Lula-Kalil em Minas Gerais. Apesar do desejo dos dois candidatos de se tornarem aliados, as conversas estavam travadas há semanas.
A viagem de Kalil e Agostinho ocorreu em segredo e poucas pessoas sabiam do encontro com Lula. Esta foi uma forma encontrada para evitar ruídos e ter mais chances de se conseguir um avanço concreto. Kalil ainda esteve em Juiz de Fora, na Zona da Mata, no mesmo dia para receber o título de cidadão honorário na parte da tarde. O cansaço do ex-prefeito de Belo Horizonte era aparente, principalmente na fala devagar e calma, que não é característica dele.
Segundo pessoas com conhecimento da reunião, partiu de Agostinho o gesto de abrir mão do posto de vice na chapa de Kalil para que a aliança com Lula tivesse mais chances de acontecer.
Lula, inclusive, relembrou encontros que teve com o pai do presidente da ALMG, também chamado Agostinho Patrus, que foi secretário do governo de Minas e deputado estadual por seis mandatos.
O curioso é que, antes de se filiar ao PSD, Agostinho Patrus estava no PV, que integra a federação com o PT e com o PCdoB. Até o início do ano, o desenho mais cogitado era de que Agostinho seria o vice de Kalil e, na prática, o representante da federação, e consequentemente do PT, na chapa.
Antes do fim da janela partidária, Agostinho consultou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se estava tudo certo para que ele fosse o representante da federação na aliança com Kalil. Diante da resposta negativa, o presidente da ALMG decidiu trocar o PV pelo PSD. Dessa forma, ele garantiu que seria o candidato a vice, mesmo se PT e a federação não chegassem a um acordo com o PSD, o que foi a tônica dos últimos meses.
Ao final, Agostinho acabou abrindo mão de estar na chapa no café da manhã com Lula em São Paulo. O futuro do presidente da ALMG é incerto, até para os aliados mais próximos. São três alternativas aventadas: a primeira é que ele tente se reeleger como deputado, já que não desmobilizou as suas bases eleitorais. Outra opção é que ele se candidate para a vaga que está aberta no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE).
Por fim, aliados destacam que o gesto facilitou a aliança entre Lula e Kalil e que, portanto, Agostinho teria todos os predicados para atuar como “amigo do rei” a depender do resultado eleitoral tanto para o governo federal como no governo estadual.
Secretário-geral do PSD de Minas, o deputado estadual Cássio Soares afirmou a O TEMPO que Agostinho demonstrou grandeza e saiu fortalecido das negociações. “Ele demonstrou desprendimento e sentimento de unidade. Foi uma vontade pessoal dele. A vaga de vice estava garantida para ele diante de manifestações públicas do Kalil. Ele saiu maior no processo. Ele tem toda a confiança tanto do nosso pré-candidato Kalil quanto do nosso partido PSD. É o nosso líder maior na Assembleia Legislativa”, disse.