A Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) bateu recorde em 2023 e alcançou R$ 181 milhões de lucro, um crescimento de 103% em relação ao ano anterior, quando a empresa também fechou no azul, mas com R$ 89 milhões de saldo positivo. 

Os resultados espelham uma política de governança voltada à Parceria Público-Privada (PPP), reforçada recentemente pela concessão da Serraria Souza Pinto, histórica casa de eventos em Belo Horizonte, à iniciativa privada. Os dados recordes não consideram a receita oriunda da extração de nióbio, realizada em parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), o que elevaria substancialmente esse lucro.

Em agosto de 2023, um decreto do governador Romeu Zema (Novo) instituiu a Codemge como braço operacional das concessões e PPPs no âmbito do governo de Minas, em parceria com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). A Política de Concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), como ficou conhecida a diretriz, estabelece um reposicionamento da empresa, inclusive com mudança de sede para a Cidade Administrativa.

Dentro desse reposicionamento, a Codemge mantém o Programa de Gestão de Ativos, pelo qual promove a venda e concessão de estruturas do governo de Minas, dentro dos limites legais exigidos pela lei. É justamente essa mudança que impulsiona resultados recordes em termos de lucro, como os aferidos em 2023. 

A última movimentação nesse âmbito foi justamente a PPP da Serraria Souza Pinto. O consórcio Nova Serraria foi o vencedor, com a proposta de R$ 650 mil, e vai administrar o local por 30 anos. Durante esse tempo, o parceiro precisará investir ao menos R$ 7 milhões em intervenções obrigatórias e manutenção. Entre as melhorias prioritárias para o espaço, estão a revisão geral de todas as instalações, como os banheiros, adequações elétricas, drenagem, acessibilidade e restauração da fachada.

No ano passado, movimentos parecidos aconteceram. A Codemge vendeu o Laboratório-Fábrica de Ligas e Ímãs de Terras-Raras (LabFabITR), localizado em Lagoa Santa, região metropolitana de BH, para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) por R$ 35 milhões. 

Outro exemplo foi a venda de ações da Helibras para a Airbus Helicopters, acionista controladora da Helibras e maior fornecedora mundial do setor de helicópteros. A participação da Codemge (15,51%) foi cedida, em janeiro de 2023, por R$ 95 milhões.

Saúde. Outras ações de destaque envolvem a estruturação do projeto de universalização do saneamento básico no Vale do Jequitinhonha e os estudos para a construção de um novo complexo de saúde em Belo Horizonte, a partir de uma parceria público-privada. A nova estrutura hospitalar, que será instalada no bairro Gameleira, onde funcionava o Hospital Galba Veloso, na região Oeste da cidade, será dedicada à oferta de serviços de saúde de alto padrão, melhorando e modernizando o atendimento prestado aos mineiros.

Conforme O TEMPO antecipou em maio do ano passado, parte desse novo complexo será usada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) para transferir o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) da unidade para o espaço do antigo Galba Veloso. Para isso, a Funed pretende usar recursos do acordo de Brumadinho, assinado em 2021 pelo governo de Minas com a Vale. Essa transferência também ocorreria por meio de parceria público-privada, intermediada pela Codemge.

Hoje, o Lacen conta com 41 plataformas de trabalho. A ideia é que a otimização reduza esse número para 14. O objetivo é melhorar a logística e facilitar o acesso das prefeituras do interior aos dados da Funed. É nesse laboratório que a fundação diagnostica e notifica doenças, além de monitorar a qualidade de produtos sujeitos ao controle sanitário. 

No ano passado, a Codemge também foi oficializada como estruturadora de projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em Minas Gerais. 

Para 2024, além da concessão da Serraria Souza Pinto, estão previstas novidades como projeto de PPP na área da educação e proposta de implantação de condomínios logísticos por parceiros privados para atrair novas empresas e promover o desenvolvimento. Até 2028, a companhia pretende ser reconhecida pelo mercado como o melhor estruturador de projetos de concessões e PPPs do Brasil.