Realidade

Ausência de projetos de participação popular marca Legislativos em 2019

Nenhum projeto desse tipo foi apresentado na Câmara de BH ou na Assembleia de Minas

Por Sávio Gabriel
Publicado em 29 de dezembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Instâncias responsáveis pela aproximação entre o Poder Executivo e a população, as comissões de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) e da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) encerraram 2019 sem a apresentação de nenhum projeto de lei de iniciativa dos colegiados. Na ALMG, a ausência segue uma tendência dos últimos oito anos, conforme levantamento feito pelo Aparte. O último projeto na comissão do Legislativo estadual foi apresentado em 2011, mas acabou sendo arquivado.

Na CMBH, o colegiado teve apenas duas reuniões ao longo de 2019 e não conseguiu sequer apresentar requerimentos, que são pedidos simples de informação ao Executivo ou a órgãos da administração direta ou indireta. “A comissão é composta por dez vereadores e, para dar quórum, são necessários seis. Infelizmente, não sei o que acontece com os colegas, que não têm compromisso com as comissões”, criticou o vereador Catatau do Povo (PHS). Pelo regimento, o colegiado se reúne apenas uma vez por mês.

Com a baixa quantidade de encontros, ele admite que não houve como o colegiado aprovar quaisquer medidas e que isso prejudica a população da capital mineira. “É uma comissão muito importante porque ouve a voz do povo. Eles (demais vereadores) sabem da importância dessas reuniões para o belo-horizontino, principalmente para os menos favorecidos. É importante para levarmos demandas para a prefeitura e os secretários”, disse.

Já na ALMG, o deputado Jean Freire (PT), que preside a Comissão de Participação Popular da Casa, justificou a ausência de projetos por falta de demanda da sociedade civil. “Como o próprio nome diz, precisa ser uma demanda da sociedade. Não podemos provocar a população e dar a ideia para que eles enviem um projeto para a gente”, disse, reforçando que, na maioria dos casos, as pessoas procuram diretamente os parlamentares, e não o colegiado.

“Temos projetos de autoria individual dos deputados, que são provocados por setores da sociedade. Eu mesmo sou procurado, como parlamentar, para apresentar projetos sobre a questão hídrica e o meio ambiente, mas não pela comissão”, explicou, acrescentando que o colegiado tem um papel no sentido de promoção do debate. “A comissão cumpre mais um papel de audiências públicas, de seminários, de rodas de conversa”. Apesar da ausência de projetos, o colegiado protocolou 299 requerimentos em 2019.

Segundo o parlamentar, a mesma tendência se observa em outras comissões da Casa: “Quase todos os projetos de lei aprovados na Assembleia são de autoria dos parlamentares, não dos colegiados”.

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