Como forma de protesto contra o mau uso da verba indenizatória, o deputado estadual Cleitinho (Cidadania) decidiu levar moradores de rua para almoçar, pagando com o dinheiro que tem direito a gastar com alimentação, mas que ele critica. Na semana passada, ele percorreu os arredores da Assembleia Legislativa (ALMG) convidando pessoas para almoçar com ele em uma churrascaria. Porém, após a repercussão do fato, ele disse que não pedirá ressarcimento.
Cada deputado tem direito a gastar R$ 27 mil por mês em verba indenizatória. Desse total, eles podem pedir o ressarcimento de até R$ 9.450 em gastos com alimentação. O regimento da Assembleia não é claro se esse valor pode ser utilizado para o pagamento de refeições para pessoas que não tenham relação com a Casa.
A única obrigação do deputado para ter o ressarcimento dos valores gastos com alimentação é assinar um documento, afirmando que as despesas com alimentação, hospedagens e passagens para servidores lotados em seu gabinete foram realizadas para atender demandas de atividades inerentes ao exercício do mandato parlamentar. O regimento não diz claramente se o uso da verba é proibido para alimentação de terceiros.
“Vocês sabiam que um deputado pode gastar até R$ 10 mil de alimentação por mês? Eu nunca gastei, sabe por quê? Porque eu ganho bem, eu não preciso desse dinheiro. Aí, aqui, na Assembleia, eles gostam de fazer graça, chamam prefeito, chamam vereador, chamam lideranças para pagar almoço para eles”, disse Cleitinho em vídeo que postou em suas redes sociais.
Ele levou cerca de dez moradores de rua para almoçar em um restaurante próximo à Assembleia, e a conta deu R$ 639. “Isso aqui eu vou pagar nesse cartão, e depois a Assembleia vai me ressarcir. E eu posso fazer isso, porque o regimento da Assembleia diz que tem que gastar com atividades ligadas à atividade parlamentar. Eu estou aqui perguntando aos moradores de rua o que eles querem que a gente faça na legislação para melhorar a vida deles”, afirmou.
Ao ser entrevistado pela reportagem, ele afirmou que o vídeo não passou de um protesto e que não vai pedir o ressarcimento. “Eu sabia que isso iria gerar o questionamento e que o regimento da Assembleia é vago sobre uso dessa verba. Então, esse almoço eu vou pagar do meu bolso”, disse.
Em outro momento do vídeo, o deputado se defende, dizendo que não está sendo demagogo. “Vão vir falar que eu estou sendo demagogo, que estou querendo aparecer, mas é quem não conhece o meu trabalho. Eu fui eleito vereador e depois deputado ajudando instituições que auxiliam morador de rua”, disse.
A reportagem questionou a Assembleia sobre qual é o entendimento sobre o uso da verba para custear a alimentação de pessoas sem ligação com a Casa, mas não obteve resposta